Desde sua derrota nas eleições para o governo de Alagoas em 2022, o ex-presidente viu sua base política desmoronar. A prisão não só intensificou esse quadro como resultou em sua expulsão do PRD, partido ao qual estava filiado, além de reações discretas — ou ausentes — de seus poucos aliados restantes.
Em sua última tentativa eleitoral, Collor tentou reviver os tempos de glória ao disputar o governo alagoano, cargo que o projetou nacionalmente em 1989. Contudo, obteve apenas cerca de 14% dos votos válidos — seu pior desempenho em décadas. À época, buscou apoio do então presidente Jair Bolsonaro, declarando:
“O presidente Bolsonaro é um grande parceiro de Alagoas e do Nordeste. Por isso e pelas bandeiras que ele defende, sou pela sua reeleição e pelo diálogo permanente entre o estado e o governo federal”.
Apesar da deferência, Bolsonaro evitou associar sua imagem à de Collor, que enfrentava resistência do grupo político do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), influente no estado.
Em seu estado natal, Collor alternou alianças com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), mas os caciques locais passaram a vê-lo como imprevisível. Em 2018, por exemplo, ele se lançou ao governo estadual apenas para desistir da disputa menos de um mês antes das eleições. “Tomava decisões de forma intempestiva e sem consultar ninguém”, confidenciou um interlocutor político de Alagoas, sob condição de anonimato.
No pleito de 2022, Collor contou com o apoio isolado do prefeito de Limoeiro de Anadia, Marlan Ferreira (PP) — único município onde venceu. Após a prisão, Ferreira não se manifestou publicamente. O mesmo silêncio foi mantido por Fernando Lyra Collor, sobrinho do ex-presidente e candidato a vereador por Maceió no ano passado, que fracassou nas urnas com apenas 569 votos.
O PRD, por sua vez, anunciou o desligamento de Collor em nota oficial, ressaltando que o ex-presidente "não interferia nas decisões da legenda". Fred Costa (MG), líder do partido na Câmara, foi ainda mais direto:
“Ele havia passado despercebido”.
A queda de Collor encerra um ciclo de quase 40 anos de presença intermitente na política nacional e estadual. Com um passado que o colocou como símbolo de modernização nos anos 1990, mas também de frustrações institucionais, o ex-presidente hoje enfrenta não apenas as consequências jurídicas de seus atos, mas o ostracismo político — talvez o mais duro de seus julgamentos.