Após a Fórum publicar uma matéria sobre a violência sofrida pela vereadora Karine Roza (PT-MG), na cidade de Serro, em Minas Gerais, um usuário no X, antigo Twitter, que se identifica como Allan Rodrigues Oficial, afirmou que ela deveria "ter o mesmo fim da Marielle", rem referência à ex-vereadora do PSOL, Marielle Franco, brutalmente assassinada no Rio de Janeiro em 2018.
A matéria publicada neste sábado (17) denuncia que a vereadora Karine foi agredida e presa à força após pedir informações à Secretaria de Saúde de Serro sobre a falta de atendimento a uma criança quilombola de sete anos, que faleceu há cerca de uma semana.
Karine, que é referência no auxílio a comunidades quilombolas no município, foi com a mãe da criança até a Secretaria de Saúde apurar o suposto caso de negligência. Porém, nenhum funcionário forneceu informações à vereadora. Assim, Karine indagou se caso a mãe da criança fosse uma mulher branca, da elite serrana de Minas Gerais, se ela não teria tido a assistência necessária para os cuidados com seu filho.
Nesse momento, os funcionários acusaram Karine de os terem chamado de racistas e chamaram a Polícia Militar, que foi ao local e conduziu a vereadora de forma violenta para a viatura, como mostram imagens divulgadas nas redes sociais. "Eu falei que eu não ia [para a delegacia], que eu ia primeiro ao Ministério Público com a mãe que estava com a certidão de óbito. Em seguida, ele [o policial] me deu a voz de prisão e me tirou do carro à força", relata a vereadora em um vídeo em que também mostra hematomas pelo corpo.
Na gravação, Karine também esclarece que apenas falou que o sistema é estruturado de forma racista. Nas imagens, ela aparece algemada enquanto esperava o exame de corpo de delito. A vereadora acrescenta que além de ter sido tratada com violência, também foi xingada de "petista vagabunda e psolita".
Manifestações em solidariedade
Nas redes sociais, parlamentares denunciaram o ocorrido e cobraram justiça para a vereadora. A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) apontou "fatores que evidenciam uma possível prisão por motivação política, o que deve ser repudiado de forma rigorosa pelas instituições democráticas".
A deputada estadual Andreia de Jesus (PT-MG) também se manifestou. Andreia afirmou que seu mandato já acionou o Ministério Público para apuração do caso. "A violência contra as mulheres não respeita cargo, não respeita título. Mas esses machistas não passarão", publicou.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, classificou como "violência política de gênero" e "violência institucional" o ocorrido com a vereadora. "Um total absurdo a violência política de gênero e violência institucional cometida contra a vereadora Karine Roza, de Serro/MG, que estava exercendo seu papel de parlamentar ao cobrar o poder público após a morte de uma criança quilombola. Toda minha solidariedade e apoio a Karine. É inadmissível que cada vez mais mulheres em espaços de poder sejam alvo de perseguição", disse.