De acordo com investigadores ouvidos pela CNN Brasil, a data do depoimento de Ramagem ainda não foi definida. Para a PF, a Abin, sob a gestão de Ramagem, foi utilizada para espionar desafetos do governo de Jair Bolsonaro (PL), mantendo ligações com o chamado “gabinete do ódio” para disseminar desinformação contra os alvos monitorados pela “Abin paralela”.
A investigação também sugere que auditores da Receita Federal, que investigavam um suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), quando ele ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), foram monitorados. Além disso, um assessor de Ramagem teria instruído a "sentar o pau" no ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso.
Em janeiro, Ramagem anunciou que foi convocado para depor na PF no dia 27 de fevereiro sobre o caso Abin, mas esclareceu que não se tratava deste inquérito específico. Na ocasião, ele foi questionado pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino, e afirmou que os questionamentos estavam relacionados a declarações suas feitas durante a CPI do 8 de Janeiro.
Nesta sexta-feira (12), Ramagem usou as redes sociais para negar qualquer irregularidade ou prática de espionagem ilegal na Abin durante seu período à frente da agência. Ele criticou a operação da PF, alegando que "desprezam os fins de uma investigação, apenas para levar à imprensa ilações e rasas conjecturas". Ramagem também destacou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) não foi favorável às prisões realizadas na operação, "mas que a Justiça desconsiderou a manifestação".