Jair Bolsonaro foi intimado pela Polícia Federal a prestar depoimento no âmbito do inquérito que apura planejamento de golpe de Estado para mantê-lo no poder. A defesa do ex-presidente confirmou a informação e sua oitiva está prevista para a próxima quarta (22).
Desde que deixou a Presidência, Bolsonaro foi intimado pela PF a prestar depoimento ao menos seis vezes, já teve seu celular apreendido e os sigilos fiscal e bancários quebrados. No último dia 8, ele foi alvo de busca e apreensão em ação que também mirou seus aliados. Na ocasião, a corporação cumpriu quatro mandados de prisão preventiva e 33 de busca e apreensão.
A PF aponta o ex-presidente como central na trama golpista de sua gestão. Entre as principais provas contra ele está o vídeo da reunião golpista de julho de 2022, apreendida no computador do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens.
Na ocasião, Bolsonaro, ministros e auxiliares do governo discutiram fake news contra o sistema eleitoral e defenderam um golpe. À época, o então presidente previa uma derrota na disputa para Lula e chegou a ameaçar “entrar em campo usando o seu Exército”.
A reunião golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro e ministros em julho de 2022. Foto: Reprodução
Um outro registro que pesa contra o ex-presidente é a minuta golpista encontrada em sua sala na sede do PL em Brasília. O documento previa a decretação de estado de sítio e imposição da Garantia de Lei e da Ordem (GLO) no país.
Logo após a operação da PF contra Bolsonaro, sua defesa negou que ele tenha participado da trama golpista. Segundo os advogados, o ex-presidente “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.
Além do planejamento de golpe de Estado, Bolsonaro também é alvo de outros inquéritos na Justiça, como a venda ilegal de joias recebidas de presente no exterior, fraude nos cartões de vacinação, o esquema de espionagem da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o das milícias digitais e dos ataques terroristas de 8 de janeiro.
Os três inquéritos estão em estágio avançado e contam com um material robusto para ser usado como prova. Em breve devem ser apresentadas denúncias e pedidos de indiciamento contra o ex-presidente e seus aliados.