Ao ser alertado que as prisões dos golpistas acampados em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília poderia terminar em mortes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) interveio a operação e determinou que os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fossem detidos apenas no dia seguinte. A informação é do jornalista Marcelo Godoy, do Estadão.
Durante os ataques terroristas de 8 de janeiro, as autoridades de segurança tentavam controlar a invasão dos manifestantes no Supremo Tribunal Federal (STF), no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto.
Naquele momento, o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-comandante militar do Palácio do Planalto, afirmou que a operação sem planejamento poderia terminar em uma tragédia.
“Até o momento, nós só lamentamos danos materiais, ao passo que, se entrarmos sem planejamento, vai morrer gente”, disse o militar em ligação com o presidente.
Dois dias antes dos atos antidemocráticos, Dutra havia enviado ao Planalto o reforço do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), mas o apoio foi dispensado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
General Gustavo Henrique Dutra de Menezes. Foto: Reprodução
Ao mandar a tropa retornar para o Palácio do Planalto, Dutra encontrou com Ricardo Cappelli, que queria a prisão imediata dos acampados. Na ocasião, o general disse que não era uma boa ideia, pois todos estavam “cansados, gaseados e nervosos”.
Dutra então telefonou para o general chefe do GSI, general Gonçalves Dias e disse que iria “dar merda”. “O presidente está aqui do meu lado. Fala você para ele”, respondeu Dias.
“General, são todos criminosos e têm de ser presos!”, disse Lula para Dutra, que respondeu: “Concordo plenamente com o senhor, mas essa é uma operação complexa, que precisa de planejamento”. Em seguida, o militar alertou para as possíveis mortes.
“Isso seria uma tragédia, general. Cerque todo mundo. Não deixe ninguém sair e prenda todo mundo amanhã”, respondeu Lula.
Dutra irá relatar, nesta quarta-feira (12), a conversa com o presidente à Polícia Federal (PF). O general vai prestar esclarecimentos no inquérito que investiga a participação de militares na invasão das sedes dos Três Poderes.