Um servidor da Policia Federal que testemunhou os ataques bolsonaristas ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro afirmou, em depoimento à própria PF, que viu o momento em que militares do Exército escoltaram os terroristas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro até uma saída de emergência do edifício, auxiliando-os na fuga após realizada a depredação completa do local.
“Um militar orientava a tropa do Batalhão da Guarda Presidencial para fazer um corredor e liberar os manifestantes para saírem pela saída de emergência, para trás do Planalto. ‘Vamos liberar, vamos fazer um corredor’; que vários manifestantes ficavam no local afirmando que o Exército os estava protegendo; que, então, o Choque subiu a rampa para acessar o Planalto; que um dos militares que tentava organizar uma liberação para os invasores se dirigiu à tropa de choque da PMDF, tentando impedi-los de entrar”, diz trecho da transcrição do depoimento.
O servidor estava de folga naquele dia, em casa. Ao tomar ciência dos acontecimentos que transcorriam, dirigiu-se ao Palácio do Planalto a fim de averiguar a segurança. Chegando ao local, perto das 16h, se deu conta de que não havia nem mesmo bloqueios para veículos no trajeto ao Palácio e que as guaritas do Batalhão da Guarda Presidencial estavam vazias.
Logo depois, ao deparar-se com os invasores, relatou que os golpistas faziam fotografias e percorriam o Palácio enquanto os militares do BGP e policiais antidistúrbios apenas observavam, quando não interagiam com os bolsonaristas. “A tropa do BGP assistia a tudo pacificamente”, disse.
Nem com a chegada de um contingente maior de homens do BGP às 17h os bolsonaristas perderam a vergonha. “Manifestantes entravam e saiam, subiam e desciam os andares livremente”, relatou.
Segundo o servidor, foi a Polícia Militar do Distrito Federal, com um contingente menor que o do BGP, quem retomou o controle da situação. “A segurança do Planalto estava desmobilizada naquele dia, não havia comando, militares com escudos ficavam apenas parados e os demais, fardados ou com coletes do GSI, apenas circulavam pelo local e conversaram com manifestantes”, concluiu.