A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) concedeu entrevista a Folha de S.Paulo e nela revelou que teme que tanto ela quanto o ex-presidente Jair Bolsonaro possam ser presos. Além disso, falou que foi uma das destinatárias da “minuta do golpe”, cuja cópia foi encontrada no armário da casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e ainda comenta sobre o que entende ter sido “um gesto” de Moraes para reaproximar-se dela. Confira trechos:
Folha: O Metrópoles publicou que a sra. procurou o gabinete de Moraes com a intenção de distensionar a relação.
Carla Zambelli: Liguei e mandei um email. Alguns dias depois, minha rede foi devolvida, pode ter sido um gesto. Estou à disposição dele para conversar. Porque ele vai ser um alvo do PT daqui a pouco. O PT não vai se contentar em indicar somente os dois ministros que vão se aposentar. (…)
Teve ou tem medo de ser presa?
Medo não é a palavra, mas expectativa, sim. Não como uma boa expectativa. Várias vezes fui dormir pensando que ia ter que acordar às 6h com a Polícia Federal na minha porta. (…)
A sra. disse aos caminhoneiros ‘não esmoreçam’, disse aos generais ‘é hora de se posicionar’. Bolsonaro disse que a liberdade vale mais que a vida. Essas falas não são um incentivo para não aceitar a eleição?
Sobre os caminhoneiros, acho que a gente tinha direito de se manifestar durante algum tempo contra o resultado, mostrando apoio a Bolsonaro. Bolsonaro, mesmo perdendo, tinha um papel fundamental na oposição.
Discordo da maneira como ele levou aquele tempo todo [para falar após a eleição] e o silêncio que teve. Ele tinha que organizar a oposição, orientar a gente, ele tinha 28 anos de Câmara. Tínhamos que mostrar nosso descontentamento até para incentivá-lo a ser a voz da oposição. Quando falo com os generais, se as Forças Armadas tinham feito um trabalho de auditoria, é que eles tinham que se posicionar no sentido de houve fraude ou não. (…)
O golpismo está claro, até pela minuta encontrada com Anderson Torres…
Escreveram e também levaram no meu gabinete. Não sei quem fez. (…)
Eleitores da direita reclamam que Bolsonaro fugiu ao ir para os EUA. Ele corre risco se vier para cá ou tinha que estar aqui para liderar a oposição?
Não acho que seja fugir. Passar um tempo fora para pensar no que vai fazer é legítimo. Mas concordo que ele deveria estar aqui para liderar a oposição. A gente teria mais condições, capacidade e força.
Ele corre o risco de ser preso aqui?
Eu acho. (…)