Um robô da inteligência artificial talvez saiba dizer, mesmo que chute muito, qual é a base social de Bolsonaro hoje.
Porque não há inteligência humana capaz de dizer, num retrato do momento, que base ainda sustenta o que restou do protagonista da mais esdrúxula e monstruosa aberração da política brasileira.
Não é uma tentativa de adivinhação do que ele poderá ser mais adiante, se não for preso e/ou tornado inelegível. É um retrato atual, difícil de capturar e mensurar.
Passado o Carnaval, e quando o ano de fato terá início, qual será o tamanho de Bolsonaro, que parece não ter forças para sobreviver?
Cientistas políticos que vislumbraram futuros incertos para Bolsonaro, até às vésperas da eleição de 2018, erraram longe. O futuro distópico os derrubou.
Em 2022, passado e presente enredaram os que tentavam desvendar a força de Bolsonaro diante de Lula e o que haveria de real no blefe do golpe.
Sua base social deve estar confusa com um líder que atiça um golpe, foge depois da eleição, enfrenta a ameaça de cassação dos direitos políticos e não sabe com quem pode contar.
Essa base vai esperar para ver o que sobrou dele. Já a base parlamentar, que existe em grande parte por causa de Bolsonaro, começa a calibrar agora o grau de fidelidade que o sujeito merece a partir dessas variantes.
Por que uma base política movediça, que tudo negocia, iria continuar fiel a um traste sem futuro?
E não há equivalência entre a base de Lula no Congresso e a base de Bolsonaro. Mesmo que alargada por locação e por empreitada, a base frágil será de Lula.
Mas a base de direita e extrema direita não é necessariamente de Bolsonaro, é dela mesma e existe pela própria sobrevivência.
A outra base, a do suporte funcional, de raiz, de ajudantes-de-ordens e do entorno que o tutelava e apostava no bolsonarismo eterno, essa se esfarelou.
Esse entorno não tem vitalidade fora do poder e está disperso ou atordoado pela ausência do líder, considerando-se os quadros de ponta civis e fardados.
Bolsonaro pode ser, daqui a pouco, uma trouxa empurrada disforme de um lado para o outro pelo centrão e até pelo PL.
Teremos em breve o jogo pra valer de Lula x Congresso, o começo dos preparativos para as eleições municipais de 2024 e a reacomodação das forças que já pensam no espólio do indivíduo.
Como Bolsonaro participará desses bailes, se sempre foi um político medíocre e nunca teve talento para dançar com cobras criadas?
O cenário é ruim. Os manés do 8 de janeiro estão presos, outros estão na fila. Ainda este ano Alexandre de Moraes deve cobrar a conta do Gabinete do Ódio.
Tarcísio de Freitas asfalta sua própria estrada. E Bolsonaro terá de decidir, em meio ao enterro dos ossos, se volta ou se foge do que o espera na Justiça.
Não há como escapar da prova que dirá, talvez ainda este ano, por indicadores variados, o que é bolsonarismo e o que é fascismo, extremismo e terrorismo sem Bolsonaro.