Após o início das ações impostas pelo governo federal para acabar com o garimpo ilegal em Roraima, garimpeiros e mulheres que foram para o garimpo para cozinhar ou se prostituir, gravaram vídeos pedindo socorro às autoridades e ajuda para saírem da região.
Com o controle do espaço aéreo em toda a reserva, monitorado pela Força Aérea Brasileira (FAB) após a implementação da ZIDA (Zona de Identificação de Defesa Aérea), voos de helicóptero clandestinos, que eram o principal transporte da região, hiper-inflacionaram, chegando a custar R$15.000 por passageiro. Tal fator dificultou a fulga dos garimpeiros da região que é de difícil acesso.
Em relatos compartilhados em grupos de WhatsApp e publicados na internet, garimpeiros e trabalhadores da região dizem que muitos pilotos estão com medo de ir até os locais: “Aqui onde estou tem mais de cinco mil pessoas na região só para ir embora, nós queremos ir. Mas não tem é voo, o povo [pilotos] está com medo de vir”.
Além das dificuldades para sair da região, os garimpeiros, em vídeos publicados na internet, relataram estar sem comida e pedem ao Exército e à polícia para serem resgatados da Terra Yanomami. O local era abastecido por aeronaves, mas com o bloqueio aéreo, a alimentação não chega mais até as áreas de garimpo onde estão instalados. Nas imagens, um garimpeiro disse que há ao menos 30 pessoas nos barracos em condições precárias.
Em outro vídeo, mulheres que vivem na região imploram por alguma ação do governo e pedem que acionem os “recursos humanos”, falam a respeito dos preços abusivos das passagens de helicóptero e acrescentam que por serem mulheres a situação é ainda mais difícil.
“Não estão resgatando ninguém, a gente está preso aqui e a gente não vai ter mais alimentação. Os indígenas vão começar a ficar estressados, porque a gente que dá comida para eles. Nos ajudem”.
O governador de Roraima, Antônio Denarium (PP), afirmou ter entrado em contato com os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Defesa, José Múcio, para solicitar auxílio do governo federal no trabalho de desocupação e evitar confrontos. Após esse pedido, o ministro Múcio deve ir na próxima quarta-feira à Roraima para ver de perto a situação.
“Falei com o governador Denarium agora pouco, ouvi sua proposta de auxiliar os trabalhadores que estão saindo do garimpo de forma espontânea e informei a ele que iremos avaliar com muito carinho, pois o governo Lula não quer nenhum tipo de confronto, buscaremos o diálogo sempre que como primeira opção”, frisou o ministro da defesa, José Múcio.
No último sábado (4) a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que o governo federal também acompanha a saída dos garimpeiros do local e que busca uma solução para o problema.
“O governo federal está trabalhando em uma articulação com o governo do estado, aqui de Roraima, para poder ter esse plano dessa retirada. Temos essa informação já, que muitos garimpeiros estão saindo”, disse a ministra.