Prado relembrou episódios marcantes de sua vida, como sua presença ao lado de Lula no momento de sua prisão, enfatizando que esteve nos lugares certos, movido por convicção e sem qualquer interesse político pessoal. "Não tenho nenhum interesse em ter cargo político. Quero exercer minha profissão de ator e fazer dela um espaço de consciência da história do país", afirmou.
O ator ressaltou sua relação com grandes nomes da cultura e da resistência política, como Gianfrancesco Guarnieri, Dias Gomes e Ruth de Souza. Prado contou também sobre a censura enfrentada por produções em que esteve envolvido, como a série A Grande Família dos anos 1970, cujo personagem Júnior representava um estudante de medicina engajado em uma saúde pública gratuita e de qualidade.
Conhecido por personagens marcantes da teledramaturgia como o recente Velho do Rio em Pantanal, Prado falou sobre o cenário atual da televisão e a conjuntura política, criticando a falta de espaço para atores veteranos nas novelas contemporâneas.
"As novelas hoje estão muito pasteurizadas. Tudo gira em torno da juventude, das redes sociais, da aceitação. Acho que mudou um pouco o panorama. Talvez não haja mais espaço para mim nessa televisão que se desenha", afirmou o ator. Para ele, a exigência por personagens superficiais contrasta com sua busca por profundidade em cada papel.
Osmar Prado também relembrou momentos marcantes de sua carreira, como os prêmios recebidos pelo trabalho em Pantanal e no cinema. Entre suas atuações favoritas, citou Desmundo e Dez segundos para vencer, onde interpretou Kid Jofre, papel que lhe garantiu reconhecimento e prêmios importantes.
Sobre o cenário político, lembrou que chegou a ser vaiado durante premiação ao criticar figuras como Sérgio Moro e Jair Bolsonaro. "Onde está o Sérgio Moro hoje? Onde está o Bolsonaro? Fugindo da tornozeleira", ironizou, ressaltando sua presença em momentos históricos, como a prisão de Lula e o período do impeachment de Dilma Rousseff.
Para ele, a cultura e a arte devem ser abraçadas pelo sistema e não censuradas ou marginalizadas, e o entretenimento ajuda a formar um povo consciente e educado, afirmando que "quem trabalha para manter bolsões de pessoas na ignorância não quer o bem do país".
Osmar Prado também celebrou a vitória do filme Ainda Estou Aqui, destacando como a história de Rubens Paiva foi magistralmente retratada no cinema e reverberou em premiações internacionais. Ele defendeu que a memória e a história precisam ser preservadas e celebradas, sugerindo até mesmo que um samba-enredo sobre a resistência à ditadura seja feito no próximo carnaval.
"Eu ainda estou aqui", declarou o ator, fazendo referência à resistência que sempre marcou sua trajetória. Assista:
Teatro
Osmar Prado reestreia, no dia 14 de março, o espetáculo ‘O Veneno do Teatro’, ao lado de Maurício Machado, dirigido por Eduardo Figueiredo, no Teatro Carlos Gomes.