O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma revelação surpreendente sobre propostas que teria recebido caso o golpe de Estado articulado por bolsonaristas entre o final de 2022 e início de 2023 obtivesse êxito.
Em entrevista à Globonews na noite desta quarta-feira (18), o magistrado disse que contatos acadêmicos internacionais o ofereceram exílio em outros países em um possível cenário de ruptura democrática no Brasil.
Segundo Barroso, as propostas para se exilar em outros países foram feitas antes do fatídico 8 de janeiro de 2023. Em 12 dezembro de 2022, bolsonaristas já tinham promovido uma "noite do terror" em Brasília, quando o presidente Lula foi diplomado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e em 24 de dezembro houve uma tentativa de ataque terrorista com bomba em um caminhão tanque no aeroporto de Brasília.
"E eu não consigo, eu já vivi fora do Brasil, mas o meu coração mora aqui, não tenho vontade de ir embora, não. Mas se tivesse passado o golpe, é muito possível que a gente não estivesse aqui", emendou o ministro.
PGR já tem data para denunciar Bolsonaro por tentativa de golpeApós uma longa investigação que resultou num relatório farto em provas de 884 páginas, e do indiciamento pela Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República finalmente apresentará denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e o tornará réu na ação na qual é acusado de ter liderado uma tentativa de golpe de Estado para se manter no poder, no final de 2022.
Paulo Gonet, o procurador-geral da República, deve denunciar o ex-ocupante do Palácio do Planalto em janeiro, conforme noticia a rede de televisão CNN Brasil. Tanto Gonet quanto o ministro Alexandre de Moraes devem abrir mão do período de recesso a que têm direito, assim como o Judiciário e o Ministério Público como um todo, para acelerar o processo e levar o quanto antes Bolsonaro ao banco dos réus.
A avaliação é de que a prisão do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Bolsonaro, e que foi seu vice na chapa derrotada por Lula (PT) nas urnas, é um episódio que pesará para que o processo ande com mais celeridade, sobretudo porque há outras pessoas detidas entre os 40 indiciados, além de outros personagens que ainda são investigados e que devem ser acrescentados como suspeitos no inquérito.
Gonet já anunciou que não entrará em recesso e que deve ficar em Brasília neste final de ano e no começo de 2025, assim como Moraes, que comunicou o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, de que não usará o período de folga ao qual tem direito para poder agilizar os processos que estão sub sua relatoria.
Inicialmente, o consenso na capital federal é que o relatório seria apreciado pela PGR apenas no retorno do recesso e que a denúncia seria apresentada até o final de fevereiro, ou no máximo nos primeiros dias de março.