A prisão preventiva de Walter Braga Netto no sábado (16) por obstrução nas investigações pode revelar o elo entre a Organização Criminosa (OrCrim) golpista de Jair Bolsonaro (PL) e o "pessoal do agro", que teria dado dinheiro vivo para o general 4 estrelas financiar o plano de assassinato do presidente Lula, do vice, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que presidia à época o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e era um dos principais alvos dos golpistas.
No relatório entregue pela Polícia Federal (PF) ao ministro do Supremo pedindo a prisão de Braga Neto, os investigadores citam uma declaração do tenente coronel Mauro Cid, em delação premiada, de que o dinheiro entregue a Braga Netto para financiar a ação dos chamados "kids pretos" - as Forças Especiais do Exército - teria sido obtido “junto ao pessoal do agronegócio”.
A ação, planejada na casa de Braga Netto, previa o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes prenunciando o golpe de Estado. Braga Netto, então, seria alçado ao principal posto de comando, ao lado do general Augusto Heleno, no chamado gabinete de crise, que instalaria a nova Ditadura Militar no país.
No grupo “Copa 2022”, criado pelo facção que planejava os assassinatos, foram encontrados comprovantes de 5 recargas do celular pré-pago, que também teriam sido pagas pelos ruralistas.
Nos documentos apreendidos pela PF, os mentores da operação relatavam o registro de “demandas para a prep. (preparação) e condução da ação”, que incluía “seis telefones celulares descartáveis”.
“Nesse sentido, essa foi exatamente a estrutura de comunicação utilizada na denominada operação ‘Copa 2022’, em que militares Forças Especiais executaram uma ação clandestina no dia 15 de dezembro de 2022, para prender/executar o ministro Alexandre de Moraes na cidade de Brasília/DF. A ação empregou seis telefones celulares com chips da operadora TIM, habilitados em nomes de terceiros e associados a codinomes de países para anonimização da ação criminosa”, diz a PF.
No relatório, a PF ainda detalha o elo dos golpistas com “participação de lideranças do agronegócio em atos antidemocráticos e em ações de contestação do resultado eleitoral”. os ruralistas também financiaram e atuaram nos bloqueios nas estadas dando “recursos econômicos para financiar transporte de manifestantes e ações extremistas, como as ocorridas no 8 de janeiro”.
Em nota divulgada neste domingo (15), a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) - bancada que faz lobby para os ruralistas no Congresso Nacional - diz que "é inadmissível que ações isoladas sejam usadas para generalizar e comprometer a imagem de um setor econômico composto por mais de 6 milhões de produtores e que desempenha papel fundamental no desenvolvimento do país".
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e a ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) não se pronunciaram até o momento.