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TENEBROSO: Psicanalista destrincha o ódio bolsonarista contra o presidente Lula

Também socióloga, Ingrid Gerolomich, fala com exclusividade à Fórum sobre discurso de ódio de apoiadores de Jair Bolsonaro contra o presidente

Publicada em 11/12/24 às 05:00h - 39 visualizações

Revista Fórum


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TENEBROSO: Psicanalista destrincha o ódio bolsonarista contra o presidente Lula
 (Foto: Fotomontagem (Instagram e Palácio do Planalto))

A bem-sucedida cirurgia de emergência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva trouxe alívio a aliados e seguidores nesta terça-feira (10). No entanto, um cenário preocupante emergiu nas redes sociais alinhadas ao bolsonarismo, onde a internação do presidente foi usada como combustível para ataques e desinformação.

A intervenção cirúrgica para tratar uma hemorragia intracraniana provocada por uma queda reacendeu o debate sobre os limites éticos do discurso público. Enquanto mensagens de apoio inundaram os perfis do presidente e de sua esposa, Janja, nos círculos bolsonaristas, o tom foi de comemoração.

Frases carregadas de hostilidade, piadas mórbidas e distorções sobre o estado de saúde de Lula ganharam força, reforçando o fanatismo político e a polarização extrema no Brasil.

Em conversa exclusiva com a Fórum, a psicanalista e socióloga Ingrid Gerolimich comenta que o ódio bolsonarista contra o presidente Lula transcende o debate político e expõe uma dinâmica psicológica e social enraizada no desamparo coletivo, alimentada por ideologias autoritárias. 

Reprodução Amazon

Ela explica que essa manifestação agressiva está profundamente ligada ao que Sigmund Freud descreveu em "O Futuro de uma Ilusão": a busca por pertencimento em meio ao colapso de estruturas simbólicas e à insegurança gerada pelas rápidas transformações do capitalismo contemporâneo.

O ódio como "nova religião"

No bolsonarismo, Gerolomich identifica uma espécie de "neofundamentalismo político", em que a ideologia assume o papel de uma nova religião. Essa "fé" se fundamenta em figuras messiânicas, como Jair Bolsonaro, e narrativas que prometem salvação e proteção contra um "outro" construído como inimigo. 

Lula, nesse contexto, é elevado a um arquétipo do mal absoluto, simbolizando tudo o que o bolsonarismo rejeita: mudanças sociais, moralidade progressista e a pluralidade política.

Essa dinâmica cria uma ilusão coletiva que organiza os medos e angústias dos indivíduos, projetando em Lula o papel de bode expiatório.

"O desejo de morte contra Lula reflete uma tentativa desesperada de recuperar controle e segurança em um ambiente de caos e desilusão", explica Gerolomich.

A ferida narcísica da derrota

Freud destaca, em seus estudos, o papel das figuras de autoridade na psique coletiva. Para os apoiadores de Bolsonaro, a derrota nas urnas e a volta de Lula ao poder representam uma ferida narcísica profunda, abalando a ilusão de que o bolsonarismo seria a única força legítima para governar o país. 

Essa frustração, segundo Gerolomich, provoca um deslocamento dos impulsos destrutivos, que encontram em Lula um alvo simbólico para canalizar suas angústias reprimidas.

"A ideologia bolsonarista reforça a exclusão e a violência como meios de proteger as estruturas tradicionais. No entanto, ao invés de coesão, essas dinâmicas apenas amplificam o desamparo e a hostilidade coletiva", afirma a psicanalista.

A psique do ódio coletivo

O desejo de morte dirigido a Lula não é apenas uma manifestação política, mas um sintoma psíquico e social. Ele emerge como resposta ao colapso das ilusões sociais, incapazes de conter os impulsos destrutivos reprimidos. 

Para Gerolomich, a violência simbólica e real expressada nas redes bolsonaristas contra o presidente reflete uma busca por pertencimento em um grupo que promete proteção e coesão, mas que, na prática, opera pela exclusão e pela destruição.

Um alerta para a democracia

A análise psicanalítica de Gerolomich revela como movimentos autoritários e polarizados utilizam o ódio como um afeto aglutinador, criando inimigos para justificar suas frustrações. No entanto, ela alerta que essa dinâmica, ao transformar adversários políticos em símbolos de ameaça existencial, enfraquece o tecido democrático.

"Quando o ódio é o afeto central de uma ideologia, não há espaço para diálogo, apenas para confronto e destruição", conclui Gerolomich. 

O desafio, portanto, é romper esse ciclo de desamparo e violência, resgatando a capacidade de lidar com o dissenso sem recorrer ao ódio como resposta primária.

A análise expõe a complexidade do ódio bolsonarista contra Lula e ressalta a importância de compreender as raízes psíquicas e sociais desses impulsos para proteger a democracia e reconstruir as bases do diálogo público.




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