Por que o senador bolsonarista catarinense Jorge Seif (PL) escreveu nas redes sociais que o PM do caso da ponte em São Paulo deveria ter jogado o rapaz de um penhasco? Por que ele apagou depois o que havia postado?
É fácil responder. Primeiro, porque ele não foi alcançado até agora pelo sistema de Justiça, assim como todos os ativistas de extrema direita de Santa Catarina, onde só os manés foram enquadrados.
Seif escreveu o seguinte, depois do caso da ponte: “Imprensa nacional demonizando a PM de SP. O erro dos policiais foi ter jogado o meliante em um córrego. Deveriam ter jogado do penhasco”.
E acrescentou, com críticas à Justiça:
“Porque com essa justiça sem vergonha que libera vagabundo em audiência de custódia, levar pra delegacia e ser satirizado por criminoso é o fim do mundo. Tomar um banho no córrego é prêmio”.
Seif escreveu a sugestão, para que a PM saiba onde jogar suas vítimas, porque se sente à vontade. É um investigado pela Justiça Eleitoral, na mais alta corte da área, o TSE, mas nada aconteceu com ele.
Seif foi absolvido no TRE de Santa Catarina, junto com o véio da Havan e outros empresários e parceiros do PL, da acusação de que cometeu abuso de poder econômico na eleição de 2022 ao Senado ao usar aeronaves do véio.
O caso foi parar, em recurso, no TSE. O tribunal, em decisão surpreendente, em abril, quando deveria deliberar sobre o recurso, pela condenação ou absolvição de Seif, pediu mais diligências. Sete meses depois, nada. Zero. O caso está parado.
O senador está saindo da toca, como outros que estavam meio recolhidos. Antes de defender o policial, ele fez discurso no Senado condenando o indiciamento pela Polícia Federal do deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS).
A PF entendeu que Van Hattem havia caluniado o delegado Fábio Shor, em agosto, ao chamá-lo de bandido. Shor investigou e indiciou Bolsonaro no caso das joias das arábias.
E agora a resposta à segunda pergunta, sobre a decisão do senador de apagar a postagem em que propôs que a PM jogue as pessoas em penhascos.
Seif apagou o texto porque sua postagem já havia cumprido a função. É assim que a coisa funciona. Tocam o apito de cachorro, a cachorrada reproduz o apito nas redes, e o recado está dado.
O resto todo mundo sabe. Santa Catarina é o maior antro de ativismo de extrema direita, com grandes empresários golpistas investigados, mas impunes até hoje.
O que fazer? O sistema de Justiça deve saber. Ou o sistema tem medo desses caras?