Uma paralisação de oito horas mobilizou milhares de trabalhadores nesta sexta-feira (29) na Itália. A greve geral convocada pelos sindicatos conseguiu cancelar dezenas de voos domésticos e internacionais nos aeroportos do país e também suspendeu serviços em sistemas de transporte locais, escolas e hospitais.
Além da suspensão de atividades, foram organizadas marchas em diversas cidades. Os protestos foram convocados a partir da elaboração do último orçamento do governo de extrema direita da primeira-ministra Giorgia Meloni, que corta gastos em áreas como saúde, educação e serviços públicos em geral.
A adesão foi estimada em 70% dos trabalhadores, com empresas chegando a registrar 100%, segundo a Euronews. Houve grandes manifestações em cidades como Roma, Turim, Gênova e Milão.
"Governo não representa a maioria do país"
"Podemos dizer, depois de hoje, que este governo não representa a maioria deste país. E queremos dizer isto ao governo e às empresas: devem ter a humildade de saber ouvir o povo e o país", declarou o secretário-geral da Confederação Geral Italiana do Trabalho (em italiano, Confederazione Generale Italiana del Lavoro; CGIL), maior sindicato da Itália com mais de 5,5 milhões de filiados, Maurizio Landini na Piazza Maggiore, em Bolonha.
“Não é por acaso que os regimes autoritários sempre questionaram o direito à greve como primeiro ato e sempre fecharam e atacaram entidades sindicais. Se o fascismo e o nazismo foram derrotados, foi graças ao mundo do trabalho”, disse ele, se referindo ao decreto de segurança, um grande pacote de medidas anunciado em outubro que criou até 20 novos crimes ou agravantes e aumentou as penas de prisão para, entre outros objetivos, reprimir manifestações e protestos.
Em Turim, manifestantes tentaram entrar na estação Porta Nuova e a polícia os reprimiu com cassetetes, enquanto os manifestantes responderam com chutes, socos e se defenderam com mastros de bandeira. Após a repressão, os grevistas ocuparam as plataformas da estação.
No protesto na cidade, foram queimadas fotos de Meloni, do vice-primeiro-ministro Matteo Salvini e do ministro da Defesa, Guido Crosetto.