O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela terceira vez pela Polícia Federal, desta vez por tentativa de golpe de Estado, expôs rachaduras na relação entre o ex-mandatário e seus aliados políticos. Embora alguns tenham manifestado apoio público, o Estadão apontou que parlamentares da bancada bolsonarista demonstram insatisfação crescente com o líder, principalmente por se sentirem desamparados nas investigações que enfrentam no Supremo Tribunal Federal (STF).
A mobilização de defesa foi considerada superficial, com apenas 25% dos deputados do PL no X (antigo Twitter) e 46% no Instagram criticando o indiciamento nas primeiras 24 horas. Nos bastidores, aliados reclamam da “ingratidão” de Bolsonaro, que teria priorizado alianças com o Centrão em detrimento dos “bolsonaristas raiz” nas articulações para eleições municipais. Alguns acreditam que, caso Bolsonaro permaneça inelegível em 2026, figuras como Ronaldo Caiado (União-GO) e Romeu Zema (Novo-MG) poderiam liderar a direita.
O desgaste também reflete na falta de reciprocidade de Bolsonaro em defender aliados investigados pelo STF, como no caso de Daniel Silveira (PL-RJ), preso desde fevereiro. Deputados como Bia Kicis (DF), Carla Zambelli (SP) e Eduardo Bolsonaro (SP) também estiveram na mira de investigações, intensificando o descontentamento interno.
A recente estratégia do ex-presidente de apoiar candidatos considerados “fisiológicos” em eleições locais gerou atritos. Exemplos incluem o apoio morno ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo e a traição de última hora a chapa de Eduardo Pimentel (PSD), à qual tinha indicado Paulo Martins (PL) de vice, em favor de Cristina Graeml (PMB), deixando aliados descontentes.
Após o indiciamento, enquanto Tarcísio de Freitas (Republicanos) manifestou apoio, outros potenciais candidatos de direita, como Caiado, optaram por cautela. Ao portal Metrópoles, na última quinta (21), após o indiciamento, Bolsonaro afirmou que “a luta começa na PGR” e que não pode “esperar nada de uma equipe que usa criatividade”.