O ex-presidente Jair Bolsonaro tinha “pleno conhecimento” do plano de militares para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, segundo relatório da Polícia Federal. O documento deve ser entregue à Corte ainda nesta quinta (21).
Segundo a CNN Brasil, a PF deve indiciar Bolsonaro e seus aliados no inquérito que investiga golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022. O depoimento desta terça (19) do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, foi a última diligência na investigação.
Os ex-ministros e generais Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Walter Braga Netto (Defesa), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) também devem ser citados no relatório final da investigação.
Investigadores afirmam que Bolsonaro e seus aliados devem ser responsabilizados “de maneira contundente”. Eles avaliam que o relatório final está bem embasado e não deve pedir ainda a prisão do ex-presidente.
Novos pedidos poderão ser feitos posteriormente, principalmente após a Operação Contragolpe, deflagrada na última terça, que prendeu quatro militares do Exército e um policial federal que planejaram o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes em 2022.
O plano foi discutido na casa de Braga Netto e Cid alegou que não tinha conhecimento sobre a trama. O ex-ajudante de ordens terá que prestar depoimento a Moraes nesta quinta para esclarecer “contradições” de sua delação.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. Foto: Reprodução
Investigadores apontam que ao menos 35 militares, incluindo 10 generais, 16 coronéis e um almirante, discutiram o plano para assassinar o trio. A ideia era dar um golpe de Estado e criar um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para dar os próximos passos.
A PF encontrou mensagens, documentos, áudios e registros das reuniões golpistas. Diálogos obtidos pelos investigadores apontam que os militares envolvidos na trama se incomodaram com o fato da cúpula do Exército não apoiar a tentativa de manter Bolsonaro no poder.
Os nomes envolvidos no planejamento são divididos em três categorias: os que discutiam abertamente o golpe e planejaram sua execução, os cotados para o “gabinete de crise” após a ruptura institucional e os integrantes de grupo chamado de Núcleo de Oficiais de Alta Patente com Influência.
Mário Fernandes, general preso na última terça, é apontado como membro desse núcleo e teria usado sua influência nas Forças Armadas para convencer colegas a apoiarem o golpe.