“Vamos ter uma reunião bilateral muito importante, onde vamos trabalhar a construção de uma parceria estratégica a longo prazo. Nós queremos compartilhar com a China aquilo que temos de especialidade, e a China compartilhar com o Brasil aquilo que ela tem de especialidade”, declarou Lula.
O encontro acontece durante a visita oficial de Xi ao Brasil, após sua participação no G20 no Rio de Janeiro. Será o primeiro encontro entre os dois líderes desde o início do terceiro mandato de Lula, em janeiro de 2023. A agenda inclui uma reunião bilateral de duas horas no Palácio da Alvorada, assinatura de acordos de cooperação e eventos formais, como um jantar no Palácio do Itamaraty.
Parceria estratégica e investimentos conjuntos
Lula destacou o papel da China na “transição ecológica e energética” do Brasil. Ele mencionou que empresas chinesas têm investido ativamente no setor de energia renovável, incluindo participações em licitações públicas e projetos de infraestrutura.
“A China tem participado muito ativamente na transição energética que estamos fazendo. Isso é muito importante porque o Brasil tem uma oportunidade histórica. Poucos países do mundo têm a possibilidade de produzir energia renovável como o Brasil tem. E aí os chineses têm dado uma contribuição muito grande”, disse o presidente.
Além disso, os dois países deverão anunciar um plano conjunto de investimentos estratégicos, evitando a adesão formal à Iniciativa Cinturão e Rota, popularmente conhecida como Rota da Seda. Segundo o assessor especial Celso Amorim, o objetivo é garantir sinergias em projetos prioritários sem comprometer a autonomia brasileira. “A gente quer a sinergia. Se para ter a sinergia eles têm que chamar de Cinturão e Rota, não tem problema. O que interessa são os projetos que têm essa sinergia”, explicou Amorim.
A parceria deve contemplar cerca de 50 projetos bilaterais, com destaque para infraestrutura, tecnologia, inteligência artificial e desenvolvimento de combustíveis sustentáveis.
Relações Brasil-China e desafios diplomáticos
Apesar do fortalecimento dos laços com a China, o Brasil mantém sua postura de não alinhamento. A decisão de evitar uma adesão formal à Rota da Seda reflete a necessidade de equilibrar as relações com as grandes potências, especialmente os Estados Unidos. Durante o governo Jair Bolsonaro, as relações com a China enfrentaram tensões devido a declarações ofensivas de membros do alto escalão, como o ex-chanceler Ernesto Araújo. Lula, no entanto, reforçou que respeita a soberania chinesa:“Não é o presidente do Brasil que tem que gostar ou não gostar do modelo chinês. Quem tem que gostar do modelo chinês são os chineses. Quem tem que gostar do modelo do Brasil é o Brasil.”
O fortalecimento da parceria com a China também é visto como uma oportunidade de ampliar o comércio bilateral e aumentar investimentos em áreas estratégicas. A expectativa é que a reunião em Brasília marque um novo patamar na relação entre as duas nações.