O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o ministro da Economia da Argentina, Luís Caputo, foram os responsáveis pela formalização do acordo, que prevê a criação de um grupo de trabalho binacional. Esse grupo técnico avaliará as opções de infraestrutura para que o gás chegue ao Brasil. Entre as alternativas estudadas está a inversão do fluxo do gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) e outras rotas menos prováveis, que incluem a construção de novos gasodutos conectando diretamente a Argentina ao Brasil via Uruguaiana (RS) ou passando por Paraguai e Uruguai, como reporta o jornal Estado de S. Paulo.
Integração energética em foco
Em declaração durante a cúpula, Alexandre Silveira ressaltou a relevância dessa cooperação: “Estamos explorando as melhores rotas para trazer gás natural ao Brasil, fortalecendo nossa segurança energética e consolidando uma parceria estratégica com a Argentina.” Ele também utilizou suas redes sociais para reafirmar que a importação do gás poderá ocorrer por cinco rotas distintas.
Para Silveira, a exploração e importação de gás de Vaca Muerta, que utiliza o método de fraturamento hidráulico (fracking), é uma medida estratégica. “A questão da produção de petróleo e gás não é uma questão de oferta, mas de demanda. Enquanto houver demanda de petróleo, alguém vai ter que fornecer. Já importamos gás de fracking dos Estados Unidos, e agora vamos importar da Argentina”, afirmou o ministro.
Discussão sobre fracking e transição energética
Silveira também foi questionado sobre a aparente contradição entre a importação de gás extraído por fracking e a postura do Brasil de enfrentamento das mudanças climáticas. Ele defendeu sua posição com veemência: “Não tem contradição. Pelo contrário, tem bom senso”, destacando que o Brasil busca uma transição energética justa, na qual o gás desempenha um papel crucial. “Se fizermos de forma adequada e for a necessidade do Brasil, ainda defendo que tenha estudos sobre fracking em qualquer lugar do mundo até (a conclusão) de uma transição segura”, concluiu.
O Ministério de Minas e Energia estima que, no início, o Brasil importará cerca de 2 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) de gás, chegando a 10 milhões de m³/d em três anos e atingindo 30 milhões de m³/d até 2030, volume similar ao que a Bolívia exportava anteriormente, mas que vem diminuindo devido ao declínio de sua produção.
Segundo fontes do setor, o custo do gás de Vaca Muerta ao Brasil deve ficar entre US$ 7 e US$ 8 por milhão de BTU, um preço competitivo se comparado ao valor médio de US$ 11 a US$ 12 praticado atualmente no país.