Marçal foi ouvido pela PF na Superintendência Regional, localizada na Lapa, em São Paulo, por cerca de três horas, e negou qualquer envolvimento direto no episódio, atribuindo a responsabilidade à sua equipe. Porém, as investigações avançaram após perícia do Instituto Nacional de Criminalística, que confirmou a falsidade da assinatura presente no laudo.
O documento seria supostamente assinado pelo médico José Roberto de Souza, falecido em 2022, e divulgado como uma evidência de um atendimento psiquiátrico de emergência a Boulos por uso de cocaína, o que foi desmentido pela família do médico e pela clínica mencionada.
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Segundo a filha de José Roberto, a oftalmologista Aline Garcia Souza, seu pai nunca trabalhou na clínica Mais Consultas, onde o laudo indicava ter ocorrido o atendimento. Além disso, ele atuava como hematologista, sem qualquer envolvimento em serviços psiquiátricos ou tratamentos para dependência química.
“Não entendo como foi cair o nome e CRM do meu pai. Ele nunca esteve envolvido em questões políticas e sempre foi uma pessoa íntegra”, afirmou Aline em entrevista à Globo. Ela também apresentou uma tatuagem com a rubrica do pai, notadamente diferente à assinatura utilizada por Marçal para falsificar o laudo.
Tatuagem mostra assinatura do pai de Aline Garcia, o médico José Roberto de Souza, comparada com o laudo falso. Foto: reprodução
A perícia grafotécnica realizada pela PF concluiu que a assinatura no documento questionado não pertence a José Roberto de Souza. Segundo o laudo dos peritos, as discrepâncias nas formas e nos traços confirmam a hipótese de falsificação. Ainda assim, para aprofundar a autenticidade dos elementos presentes no laudo, a PF solicitou novas análises para compará-los com documentos verdadeiros da clínica Mais Consultas.
O proprietário da clínica, Luiz Teixeira da Silva Junior, também negou qualquer participação na elaboração do laudo. Em nota, ele afirmou que tanto seu nome quanto o da clínica foram usados sem sua autorização, “por pessoa desconhecida”. Teixeira já possui histórico criminal, incluindo uma condenação por falsificação de diploma de medicina.
Em resposta, Carla Maria de Oliveira e Souza, outra filha de José Roberto, entrou com uma ação contra Marçal, pedindo a inelegibilidade do ex-candidato com urgência. O advogado que a representa, Gabriel de Britto Silva, afirmou que a ação busca preservar a integridade dos princípios administrativos e morais.
A Justiça Eleitoral determinou a remoção da postagem de Marçal das plataformas YouTube, TikTok e Instagram e ordenou a suspensão de seu perfil no Instagram.
Além disso, o ministro Alexandre de Moraes intimou Marçal a depor por violar a proibição de uso da rede social X, antigo Twitter, durante o período eleitoral. A campanha de Boulos protocolou ainda um pedido de prisão preventiva e de cassação da candidatura de Marçal.