Em junho do ano passado, uma postagem do PL nas redes sociais dizia: “Hoje, na cidade paulista de Jundiaí, os nossos presidentes do PL Nacional, Valdemar Costa Neto, e de Honra, Jair Bolsonaro, reuniram um time de peso para mais um evento de filiação de prefeitos e ex-prefeitos ao Partido Liberal. Somos a legenda que mais cresce no Brasil, e com a força dos nosso parlamentares e de Bolsonaro, iremos fazer mais de 1500 prefeitos nas próximas eleições”.
Mais adiante, também em 2023, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto anunciou mais de uma vez almejar que a legenda elegesse ao menos mil prefeitos, com a ajuda de peregrinações de Jair e Michelle Bolsonaro pelo Brasil. Essa foi a tônica até o começo deste ano.
Já prevendo que nem 1,5 mil, nem mil, seriam realidade, o ex-presidente Bolsonaro tentou minimizar a pretensão frustrada após votar no Rio de Janeiro, neste domingo (6). “Vai crescer. O Valdemar se precipitou e falou em 1.000. Falei: ‘Valdemar, vai devagar’. Se for uma coisa boa, sendo que a gente vai crescer pelo menos 50%, vai ser ruim. Vão falar ‘Valdemar falou 1.000 e fez 600'”, afirmou. Também no domingo, Valdemar falava à CNN que a previsão atual era de eleger em torno de 650 gestores municipais.
Não aconteceu. No final deste domingo (6), o PL tinha 523 prefeituras conquistadas. Em 2020, elegeu 329, um crescimento importante que tende a ser ainda maior quando se leva em conta que a legenda passou para o segundo turno em diversas cidades.
Mas ficou bem abaixo do que um dia sonharam os próceres do partido. E é necessário analisar cada vitória e também quem passou para o segundo turno. Muitos candidatos não são o que se pode chamar de "bolsonaristas-raiz" e alguns foram para o PL por conta do fundo eleitoral e partidário e por condições melhores para a disputa local. Classificar todo triunfo do partido como uma vitória do ideário extremista é precipitado e também é ignorar a bagunça do tabuleiro partidário brasileiro, que se torna ainda pior nos pleitos municipais.
De qualquer forma, é necessário à esquerda rever as estratégias para a disputa nas cidades, ainda mais em um momento em que ainda vai se analisar o peso das emendas de relator e de bancada, que podem ter ajudado a consolidar o poderio de grupos políticos em diversas regiões. Por enquanto, partidos como MDB, PSD, PP e União ainda dão as cartas no campo da direita e da centro-direita nas eleições municipais. O bolsonarismo ainda não conseguiu dar as carta ali.