O debate da Band, que reuniu os principais pré-candidatos à prefeitura da capital paulista na noite desta quinta-feira (8), deu a largada à principal disputa eleitoral que antecede 2026, quando o campo progressista, liderado por Lula, enfrentará a ultradireita neofascista, capitaneada por Jair Bolsonaro (PL).
Pesquisas qualitativas são estudos encomendados pelos partidos, que contratam agências para recrutar eleitores que fazem uma análise à quente do debate, sem saber quem está pagando a pesquisa. Assim, o estudo garante uma análise isenta dos eleitores.
Em São Paulo, dados preliminares aponta que a Band obteve 4,1 pontos, chegando ao segundo lugar na audiência, no pico do debate - a média foi 3 pontos.
Segundo a Kantar Ibope, que deve consolidar os dados ao longo desta sexta-feira (9), na capital paulista, cada ponto de audiência equivale a 191 mil telespectadores.
Quem ganhou e quem perdeu
Informações obtidas pela Fórum sobre pesquisas quali encomendadas pelas campanhas apontam que Pablo Marçal foi o grande derrotado no debate da Band.
A pior avaliação do "coach" ocorreu no primeiro bloco do programa, com o embate direto entre os candidatos.
A derrocada de Marçal se deu após ser indagado por Tabata Amaral sobre a Operação Água Branca, projeto de urbanização da capital paulista, totalmente desconhecido pelo candidato do PRTB.
Na réplica, Tabata mudou o tema para segurança pública e acusou Marçal de "ladrão de banco", causando visível descontrole emocional no "coach", que fez fama justamente vendendo cursos de controle emocional.
Coube a Boulos o golpe de misericórdia. Atacado pelo coach, Boulos anunciou que revelaria nas redes - uma estratégia inteligente, usando o "palco" principal de Marçal - a sentença de condenação do adversário pelo esquema de furto a banco por meio da internet.
Boulos e Tabata foram os mais bem avaliados. O candidato do PSOL foi considerado "propositivo e assertivo" e não caiu nas provocações, especialmente de Marçal.
A estratégia ainda contou com a forte capilaridade nas redes após a divulgação da condenação de Marçal e também no embate com Ricardo Nunes, quando o candidato de Lula propôs aos telespectadores buscarem no Google por "compadre de Nunes".
A busca levava diretamente a Pedro José da Silva. Padrinho da filha de Nunes, ele foi coordenador de gabinete do prefeito quando ele era vereador e dirige a DPT Engenharia e Arquitetura, que possui, desde 2021, nove contratos emergenciais com a prefeitura, segundo informações do jornal Folha de São Paulo.
Como informou a Fórum, em fevereiro, a empresa foi
contratada em 1º de dezembro de 2023 para realizar obras de contenção da
margem de um córrego na região de Parelheiros, na zona sul da capital O
contrato foi realizado sem licitação, no valor de R$ 4,4 milhões.
Tabata cresce e Nunes "sobrevive"
Juntamente com Boulos, Tabata conquistou as melhores avaliações nas pesquisas qualitativas. Assertiva, se colocou bem diante dos oponentes homens e acertou ao escancarar o "ladrão de bancos" e indagar Nunes sobre a agressão à esposa, Regina Carnovale Nunes, que reagiu com gritos na plateia.
Nunes conseguiu o objetivo principal segundo aliados: sobreviveu ao debate. Principal alvo dos adversários, o prefeito teve uma boa atuação na polarização com Marçal e conseguiu manter o controle diante de perguntas mais espinhosas e, especialmente, os ataques desferidos por José Luiz Datena.
No entanto, Nunes mostrou-se insosso aos analistas contratados pelas qualis, não respondeu sobre os casos de corrupção e não empolgou.
A grande decepção foi o apresentador da Band. Jogando em casa, José Luiz Datena buscou polarizar diretamente com Nunes e foi o grande derrotado, juntamente com Marçal, nas pesquisas qualitativas.