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Bomba da Abin paralela: PF vai pedir quebra de sigilo de Carlos Bolsonaro por suposta conta nos EUA

Investigadores descobriram uma carta do vereador a um banco norte-americano em que solicita um cheque oriundo de uma conta supostamente não declarada

Publicada em 16/07/24 às 11:11h - 8 visualizações

Revista Fórum


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Bomba da Abin paralela: PF vai pedir quebra de sigilo de Carlos Bolsonaro por suposta conta nos EUA
 (Foto: Silvia Machado/Thenews2/Folhapress/Rep. Fórum)

As investigações sobre a 'Abin paralela', que apura um suposto esquema de espionagem ilegal montado com a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro, tem novos desdobramentos: a Polícia Federal (PF), ao investigar o caso, descobriu uma suposta conta bancária do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) nos Estados Unidos que não teria sido declarada. 

A prática pode configurar o crime de evasão de divisas e, segundo a coluna da jornalista Bela Megale no jornal O Globo, a PF pretende agora pedir a quebra de sigilo fiscal de Carlos Bolsonaro. De acordo com o relatório da PF sobre o inquérito da 'Abin paralela', o vereador escreveu, em 11 de dezembro de 2023, uma carta em inglês ao Truist Bank, na Flórida, solicitando ajuda para receber um cheque emitido pela instituição. 

“Destaca-se, por oportuno, em razão da pertinência temporal das ações realizadas no mês de dezembro de 2022 em especial o fato de o então Presidente da República — JAIR BOLSONARO - estar nos EUA, nos termos da IPJ Nº 2557670/2024, o Sr. CARLOS BOLSONARO em 11/12/2023 redigiu carta endereçada ao TRUIST Bank, na Flórida, Estados Unidos da América, informando que estava tendo dificuldades para receber o cheque emitido pelo banco. Nesta carta, o investigado solicita que o cheque seja encaminhado para determinado endereço em Washington DC”, diz trecho do relatório da PF.

Entenda o caso da "Abin Paralela"

A Polícia Federal investiga a chamada "Abin Paralela", um esquema suspeito de utilizar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem ilegal e monitoramento político durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. As investigações foram desencadeadas após denúncias de que a Abin teria sido instrumentalizada para fins políticos e de espionagem pessoal.

As investigações começaram em 2023, no âmbito das operações "Última Milha" e "Vigilância Aproximada". A PF descobriu que a Abin utilizou um software espião chamado First Mile, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte, para monitorar ilegalmente diversas pessoas, incluindo políticos, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outras figuras públicas.

A principal acusação é que a Abin foi utilizada para proteger aliados do governo Bolsonaro e monitorar adversários políticos. Entre os monitorados estavam o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, a ex-deputada Joice Hasselmann, e os ministros do STF, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Além disso, foi identificado que a promotora do caso Marielle Franco também foi alvo de monitoramento ilegal.

Até o momento, dois agentes da Abin foram presos e cinco dirigentes da agência foram afastados. Alexandre Ramagem, que foi diretor da Abin durante a gestão Bolsonaro e é próximo da família do ex-presidente, está entre os principais investigados. Ramagem teria coordenado a utilização do software espião para fins ilícitos e chegou a ser alvo de busca e apreensão da PF. Mandados de busca e apreensão também foram realizados em propriedades ligadas a Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente.

A investigação da PF revelou mais de 60 mil consultas feitas pelo software First Mile, muitas delas durante o período eleitoral de 2020. Essa quantidade significativa de consultas levanta suspeitas sobre o uso da Abin para influenciar processos políticos e eleitorais, intensificando as preocupações sobre a integridade das instituições democráticas durante o governo Bolsonaro.

Carlos Bolsonaro desesperado 

Em junho deste ano, Carlos Bolsonaro demonstrou desespero diante da informação de que a Polícia Federal (PF) vai negociar acordos de delações premiadas com investigados no inquérito da "Abin Paralela". 

Através das redes sociais, Carluxo, como é conhecido o filho de Jair Bolsonaro, publicou uma captura de tela de uma matéria da CNN Brasil sobre o assunto destacando a possibilidade de delações no inquérito, que se aproxima de sua conclusão. 

"Vamos lá, Polícia Federal. A gente sabe como o setor de inteligência trabalha muito, a se ver pela conclusão da tentativa de assassinato do meu pai. Serviu pra alguma coisa as buscas e apreensões em todo meu universo ou foi só o computador da Daniella Lima que acharam na minha casa? Qualquer um sabe que vem mais maldade direcionada por aí. Vamo democracia inabalável", escreveu o vereador. 

“Pegamos ele”, teria dito um dos investigadores da PF à coluna Radar, na revista Veja, em referência a Carlos Bolsonaro. De acordo com investigadores, "as coisas se conectam: Abin Paralela e milícias digitais”.  Filho "02" de Bolsonaro e suposto comandante do chamada Gabinete do Ódio, Carlos Bolsonaro é investigado nos dois inquéritos.

Delações 

Em junho, durante café da manhã com jornalistas na sede da Polícia Federal em Brasília, o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, informou que o inquérito sobre a "Abin Paralela" está caminhando para sua conclusão e que, neste momento, tenta negociar delações premiadas com investigados. 

“Em julho, agosto, a gente conclui o inquérito. Tem diligências finais, tem a possibilidade de colaborações de investigados e que está em fase de discussão interna com os possíveis colaboradores, e análise de material”, revelou Rodrigues. 




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