O informe, intitulado “Combatendo a Glorificação do Nazismo e Neonazismo”, foi elaborado pela relatora da ONU sobre formas contemporâneas de racismo e xenofobia, Ashwini K.P., com o objetivo de identificar a extensão desse fenômeno e apresentar propostas para que os governos possam enfrentá-lo de maneira eficaz.
“Além disso, o Brasil detalhou que, de acordo com uma pesquisa publicada no site do Fiquem Sabendo, no período entre janeiro de 2019 e novembro de 2020, 159 investigações foram abertas pela Polícia Federal relacionadas ao neonazismo. Isso foi comparado com 143 investigações que haviam sido abertas entre 2003 e 2018”, explicou.
O Conselho Nacional de Direitos Humanos também forneceu detalhes sobre casos criminais no Brasil que evidenciam o aumento do neonazismo.
“Os casos incluíam um episódio de violência escolar em que o agressor usava um uniforme militar e uma suástica em suas roupas, pichações nazistas em ambientes educacionais, ameaças em ambientes educacionais com referências nazistas, uma investigação de uma fábrica que produzia produtos que glorificavam o nazismo e a afiliação de indivíduos envolvidos em crimes violentos com o neonazismo e ideologias associadas”, diz o relatório.
Vale destacar ainda que, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a deputada de extrema-direita alemã e neta de um ministro de Adolf Hitler, Beatrix von Storch, visitou o Palácio do Planalto e foi recebida pelo chefe de Estado. Além disso, surgiram denúncias sobre o envolvimento de membros do governo com movimentos supremacistas e neofascistas.
Bolsonaro ao lado da deputada alemã Beatrix von Storch. Foto: reprodução
Ataques em escolas
Dados também foram submetidos à relatora da ONU pela Campanha Brasileira pelo Direito à Educação, destacando os “níveis crescentes de ultraconservadorismo no sistema educacional do Brasil”.
“Ela forneceu informações sobre recentes ataques violentos em escolas, que foram descritos como relacionados a tendências sociais ligados à intolerância e à glorificação do nazismo”, afirmou o documento.
“Os autores desses ataques incorporam perspectivas e valores de opressão, abrangendo manifestações de racismo, misoginia e tendências autoritárias frequentemente associadas a ideologias fascistas e nazistas”.
Segundo o documento, os autores dos ataques foram “frequentemente recrutados e radicalizados on-line, consumindo e promovendo com frequência conteúdo e símbolos neonazistas”.