"Cheguei à Suíça para a Cimeira Mundial da Paz. Serão dois dias de trabalho ativo com países de todas as partes do mundo, com nações diferentes que, no entanto, estão unidas por um objetivo comum de trazer uma paz justa e duradoura à Ucrânia”, anunciou esta sexta-feira o presidente ucraniano numa publicação no X acompanhada de uma foto sua a sair do avião.
Sábado e domingo vão estar reunidos junto ao lago Lucerna, além de Volodymyr Zelensky e a da presidente suíça, Viola Amherd, delegações de 92 países, 57 dos quais representados por chefes de Estado ou de governo, e oito organizações internacionais, metade da Europa e a outra metade do resto do mundo. Entre eles estão o francês Emmanuel Macron, a norte-americana Kamala Harris, o alemão Olaf Scholz ou o japonês Fumio Kishida. Portugal será representado pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que irá acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. Quanto a organizações, Ursula von der Leyen, Charles Michel e Roberta Metsola irão em representação da União Europeia, estando também prevista a presença de líderes ou enviados das Nações Unidas, da Organização dos Estados Americanos ou da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.
Estes líderes vão tentar traçar um roteiro para um eventual processo de paz para a Ucrânia - embora sem a Rússia, a grande ausente desta conferência, pois não se mostrou interessada em participar. Mesmo assim, Vladimir Putin deu a conhecer esta sexta-feira quais são as suas condições para a paz na Ucrânia.
“Gostaríamos de ter um processo muito amplo com vista a uma paz justa e duradoura na Ucrânia", referiu a presidente suíça, Viola Amherd na segunda-feira, acrescentando que o encontro deste fim de semana pretende lançar as bases “para uma futura cimeira de paz que envolveria a Rússia”.
Esta sexta-feira, Zelensky defendia que “juntos, como maioria global responsável, temos de envidar todos os esforços para garantir que as guerras, as agressões e a ocupação colonial possam terminar e que nunca mais se repitam. Estou certo de que todos no mundo estão interessados numa paz justa e no respeito por todas as nações”, acrescentou o líder ucraniano.
Do plano de dez pontos para acabar com a guerra elaborado por Volodymyr Zelensky foram identificados três temas que estarão no centro desta Cimeira sobre a Paz na Ucrânia. Um dos assuntos que estará em cima da mesa é garantir o regresso de milhares de crianças ucranianas que, segundo Kiev, foram transferidas à força para território controlado pela Rússia. A Ucrânia pretende também garantias em torno da segurança nuclear e energética, pois os ataques russos paralisaram as centrais elétricas ucranianas e os combates perto da central nuclear ocupada de Zaporijia suscitaram receios de um acidente catastrófico.
Finalmente, garantir que a Ucrânia será capaz de exportar cereais através do Mar Negro - um corredor fundamental para entregas a nações vulneráveis em termos alimentares que Kiev quer conquistar. Numa entrevista dada em maio à AFP, Zelensky afirmou que se a Ucrânia conseguir reunir consenso em torno destas questões “isso significa que a Rússia não as bloqueará ainda mais”.
A ausência da Rússia da cimeira suscitou críticas de algumas capitais próximas do Kremlin, como Pequim. Estas afirmaram que a Moscovo deveria ser incluído em qualquer processo de paz. Mas não só: esta foi a razão dada pelo Brasil para a ausência do presidente Lula da Silva na cimeira. O próprio Kremlin referiu que seria “absurdo” trabalhar para resolver o conflito sem a participação russa.
No entanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros suíço, Ignazio Cassis, garantiu esta semana que a Rússia deve ser incluída em algum momento e que era mais uma questão de “quando a Rússia estará a bordo”. Andriy Yermak, chefe da administração presidencial ucraniana, repetiu esta intenção, sugerindo que os russos poderiam ser convidados para uma segunda cimeira.
Zelensky já explicara anteriormente por que a Rússia não foi convidada: “Não queremos que quaisquer formatos de negociações, quaisquer fórmulas de paz nos sejam impostas por países, mesmo pelos nossos parceiros, que não estão aqui, não estão em guerra”.
Falta de boa-fé