Na entrevista, o co-diretor do documentário também expressou sua admiração por Lula: "É uma pessoa na qual vemos força, alguém pragmático, e por isso o admiro mais do que ao Bernie Sanders, por exemplo", disse Wilson. O documentário foca principalmente na prisão política em abril de 2018, no contexto da Lava Jato, e cobre eventos até as últimas eleições presidenciais, quando Lula derrotou Jair Bolsonaro (PL). O filme também revisita as origens nordestinas e sindicais de Lula, além de abordar o golpe parlamentar que resultou no afastamento da presidente Dilma Rousseff, em 2016.
Stone, que também é conhecido por suas obras sobre líderes latino-americanos como Fidel Castro e Hugo Chávez, aproveita "Lula" para criticar a política externa americana e seu impacto na América Latina. ""Nós, americanos, somos valentões. Valentões e arrogantes, e eu não podia ignorar isso neste documentário. Esses caras acham que podem interferir na política de todo mundo, e ninguém fala disso. São uns filhos da p***", afirmou Stone.
Stone e Wilson sugerem no documentário uma possível manipulação americana na queda de Lula e outros líderes de esquerda na América do Sul, relacionando o apoio dos Estados Unidos ao golpe de 1964 com a Lava Jato. "Sergio Moro e vários políticos de seu partido estavam indo e voltando dos Estados Unidos na época. Não é estranho?", questionou.
O documentário despertou grande interesse, com sessões esgotadas e aplausos calorosos até mesmo dos funcionários do festival, um feito incomum. Stone, contudo, ressaltou que o filme é feito a partir da perspectiva estadunidense e disse que Lula ainda não assistiu ao documentário, mas que enviará uma cópia ao presidente em breve.
Apesar de cautelosos ao afirmar que ainda é cedo para avaliar se Lula alcançou seu objetivo em seu terceiro mandato, Stone e Wilson reconhecem os esforços do presidente na preservação da Amazônia mas alertam para o aumento do desmatamento no Cerrado e as dificuldades enfrentadas por Lula na transição energética.