Após a fala desumana do governador Eduardo Leite (PSDB), que afirmou que o "volume tão grande de doações físicas" que estão chegando para ajuda na tragédia do Rio Grande do Sul causa impacto no comércio local, a prefeitura de Canoas divulou nota em que pede reforço no envio de alimentos para a cidade, que está recebendo desabrigados de toda a região metropolitana de Porto Alegre.
"A Prefeitura de Canoas, necessita, com urgência, da doação de alimentos não perecíveis e cestas básicas para ajudar as famílias atingidas pelas enchentes e as que estão abrigando outras pessoas em suas casas. Neste momento, é preciso reforçar o estoque com itens como arroz, feijão, macarrão, óleo, extrato de tomate, bolachas, açúcar, entre outros", diz o texto publicado no site da administração do município.
Com a declaração, Leite ignora orientação do próprio secretário de Desenvolvimento Social, Beto Fantinel, que reconhece que o Estado deve manter parte dos 770 abrigos provisórios funcionando por meses.
Segundo o último balanço da Defesa Civil, divulgado na noite desta terça-feira (14), o Estado tem 79.494 pessoas em abrigos, além de 538.245 desalojados de suas casas.
Terceira cidade mais populosa do Estado, com 347.657 habitantes, Canoas abriga quase 27% do total de pessoas que perderam suas casas.
A tragédia já deixou 149 mortos e afeta 446 dos 497 municípios gaúchos. Mais de 2 milhões foram afetados pelo desastre climático - cerca de 20% da população do Estado.