Os ministros do Supremo Tribunal Federal já falam abertamente sobre a decretação da prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após a revelação do jornal norte-americano The New York Times de que o líder da extrema direita brasileira passou dois dias instalado na embaixada da Hungria, em Brasília, logo após ter seu passaporte confiscado e ver dois de seus assessores mais próximos serem presos, no início de fevereiro. Ele é o alvo central de uma investigação pela tentativa de golpe de Estado não consumado perpetrada entre o fim de 2022 e o começou de 2023, após a derrota eleitoral para o presidente Lula (PT).
Como não pode deixar o país de maneira alguma, a ida à embaixada, que é considerado um território estrangeiro segundo o princípio da extraterritorialidade, é visto amplamente como uma fuga. Na prática, avaliam juristas e analistas políticos, Bolsonaro estaria empreendendo um pedido de asilo político para o presidente húngaro Viktor Orbán, seu amigo pessoal e também liderança de extrema direita.
Para uma parte desses magistrados do STF, no entanto, uma prisão poderia “ter repercussão”, o que talvez ensejasse apenas a decretação de uma outra medida, como colocação de uma tornozeleira eletrônica para monitorar os passos do extremista.
Há algumas horas, a Polícia Federal confirmou que instaurou um inquérito para apurar a ida de Bolsonaro para a embaixada da Hungria. Os federais pretendem juntar elementos para mostrar que a atitude do ex-presidente configurou uma saída, na prática, do país e que o colocou por algum tempo fora do raio de ação das autoridades, o que pode resultar num pedido de prisão preventiva à Justiça.