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Golpe: PF tem provas contundentes contra Braga Netto após depoimento de Freire Gomes

Além de implicar diretamente Bolsonaro como líder da facção golpista, ex-comandante do Exército entregou atuação do colega, Braga Netto, na tentativa de coação da cúpula militar

Publicada em 07/03/24 às 17:58h - 12 visualizações

Revista Fórum


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Golpe: PF tem provas contundentes contra Braga Netto após depoimento de Freire Gomes
 (Foto: Estevam Costa/PR)
Além de implicar diretamente Jair Bolsonaro (PL) como líder da organização criminosa que articulou um plano de golpe de Estado, o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, deixou o colega de farda, Walter Braga Netto, mais perto da prisão.

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que o depoimento de Freire Gomes complicou a situação de Braga Netto nas investigações e que a Polícia Federal já teria "provas contundentes" da atuação conjunta dele com Bolsonaro para pressionar as Forças Armadas a barrar a posse de Lula. A informação é de Bela Megale, no jornal O Globo.

Para esses ministros, Freire Gomes foi o responsável por evitar que a intentona golpista contagiasse a cúpula militar.

O próprio Alexandre de Moraes, relator do processo na corte, diz a pessoas próximas que, se não fosse Freire Gomes, as Forças Armadas teriam aderido ao golpe de Jair Bolsonaro (PL).

Para um oficial do Alto Comando das Forças Armadas, ouvido por Miriam Leitão no mesmo O Globo, ao confrontar os golpistas, o ex-comandante do Exército apenas "cumpriu a Lei".

O militar ainda ressaltou que Freire Gomes não chegou a levar a minuta golpista, mostrada a ele por Bolsonaro, ao Alto Comando.

"Ele pode ter consultado alguns [sobre o golpe], mas chegar e mostrar o documento no Alto Comando, isso não aconteceu. O comandante é o responsável pela tomada de decisão. Ele não tinha outra decisão a tomar que não fosse a de cumprir a lei. Que não é mérito nenhum, ele tem que cumprir a lei. Era uma ordem inexequível. Se ele desse essa ordem para baixo, os comandantes militares de área não poderiam cumprir. Uma ordem ilegal não se cumpre", afirmou.

Segundo a jornalista, ao menos duas vezes em 2022, o Alto Comando debateu os acampamentos golpistas em frente aos quartéis - sem dar detalhes sobre as decisões a respeito da questão.

Acesso ao depoimento

Desesperado, Bolsonaro entrou com pedido no STF acesso aos depoimentos dados por Freire Gomes (Exército) e pelo ex-comandante da Força Aérea Brasileira, Carlos Baptista Júnior, à Polícia Federal.

Os depoimentos do general Freire Gomes e do tenente-brigadeiro Baptista Júnior teriam confirmado a tese de que o ex-presidente teria elaborado duas versões da minuta golpista, em uma articulação para impedir que Lula (PT) retornasse ao Planalto após vencer as eleições em outubro de 2022.

O documento pede que os autos do processo sejam atualizados com os "termos de declarações relativos às últimas oitivas realizadas" por ambos. As oitivas são apenas duas das dezenas concedidas à Polícia Federal por investigados, incluindo outros militares que compuseram o corpo ministerial do governo Bolsonaro.

Os ex-comandantes prestaram depoimento na condição de testemunha, isto é, com o compromisso de responderem com a verdade. Freire Gomes e Baptista Júnior teriam se posicionado contra a trama golpista, usando seus cargos para acionar os demais colegas das Forças Armadas para barrar uma possibilidade de golpe.

Na oitiva de quase oito horas, realizada na sexta-feira (1), Freire Gomes afirmou que foi o próprio Bolsonaro, juntamente com o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, quem lhe apresentou duas versões da minuta golpista.

A declaração de Freire Gomes coincide com a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que teria dito à PF que o ex-presidente recebeu do então assessor especial da Presidência, Filipe Martins, a primeira versão.

A edição inicial previa a prisão dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado. Bolsonaro, no entanto, teria enxugado o documento, que em sua segunda versão previa apenas a prisão de Moraes, seu principal desafeto. 

Freire Gomes ainda relatou que obedecia ordens diretas de Jair Bolsonaro para que não desmontasse os acampamentos golpistas em frente aos quartéis-generais - especialmente em Brasília, onde foi gestado o 8 de Janeiro. 




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