As investigações da Polícia Federal (PF) indicam que o Partido Liberal (PL) foi usado para financiar a estrutura de apoio às narrativas que alegavam supostas fraudes às urnas eletrônicas para legitimar as manifestações em frente aos quartéis do Exército. Os protestos se intensificaram após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
A decisão de 135 páginas do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a megaoperação desta quinta-feira (8/2) contra o ex-presidente da República Jair Bolsonaro e aliados, detalha a apuração da PF.
O PL pagou R$ 1,2 milhão ao Instituto Voto Legal, em cinco parcelas de R$ 225 mil, no período de quatro meses. A PF apontou que o ápice da estratégia do partido de apontar suposta fraude ocorreu em 22 de novembro de 2022, quando a Coligação Pelo Bem do Brasil (PL, Republicanos e PP) apresentou ação judicial com objetivo de anular os votos do pleito.
Segundo a PF, os “especialistas contratados pelo Partido Liberal, supostamente independentes”, na verdade tinham vinculação com o argentino Ferando Cerimedo, que apontava fraudes em urnas eletrônicas em lives na internet, e com o major da reserva Angelo Martins Denicoli.
Segundo os investigadores, o partido foi usado como “núcleo jurídico” de suposta organização criminosa que fazia o assessoramento e a elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses supostamente golpistas do grupo investigado.“As investigações apontam que a contestação formal ao resultado das eleições por um partido político juntamente com a disseminação da narrativa falsa por meio de influenciadores digitais e alguns integrantes da mídia tradicional, com forte penetração em parcela da população ligada à direita do espectro político manteve o discurso de uma atuação do Poder Judiciário, especialmente do STF e do TSE, ilícita, extrapolando os limites constitucionais”, disse a investigação.