A Polícia Federal conduziu uma operação nesta segunda-feira (29) focada na investigação de um esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Além do vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, o militar Giancarlo Gomes Rodrigues, cedido pelo exército para a Abin durante a gestão do ex-diretor Alexandre Ramagem (PL-RJ), também alvo da operação.
Giancarlo, cujo nome também está vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Michel Temer, teve sua residência vasculhada pela Polícia Federal, resultando na apreensão de uma arma, pelo menos 10 celulares e três computadores, incluindo um da Abin.
Além de militar cedido, Giancarlo é casado com uma servidora ativa tanto na Agência quanto na Polícia Federal, acrescentando complexidade à trama investigada pela PF. Sua presença no centro dessa operação suscita questionamentos sobre a extensão de sua participação nos eventos relacionados à suposta Abin paralela e destaca a importância de sua função durante a gestão de Ramagem.
A Agência Brasileira de Inteligência, enquanto órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), tem como principal missão fornecer dados e análises estratégicas sobre ameaças ao Estado Democrático de Direito e à soberania nacional. Vale ressaltar que a Abin não está envolvida na condução de investigações criminais, mas sim no fornecimento de informações e na apuração de contextos e possíveis ameaças.
Em março de 2023, a Abin foi transferida do Gabinete de Segurança Institucional para a Casa Civil, ficando sob o comando direto da Presidência Lula (PT).
O programa empregado pela Abin para monitorar a localização de alvos pré-determinados baseia-se em dois sistemas integrados à arquitetura da rede de telecomunicações do país. Essa prática foi utilizada durante a gestão de Jair Bolsonaro, quando Alexandre Ramagem dirigia a agência.