O cerco se fechou ainda mais para Jair Bolsonaro e pessoas de seu entorno que teriam participado do esquema ilegal de venda de joias e artigos de luxo nos Estados Unidos. Nesta terça-feira (24), o Departamento de Justiça dos EUA, sediado em Washington, acolheu integralmente um pedido que havia sido feito pela Polícia Federal (PF) brasileira solicitando colaboração policial para apurar os supostos crimes cometidos no país da América do Norte. Desta forma, o FBI também investigará o caso.
Segundo apuração do jornalista Cesar Tralli, da Globo, o FBI, a partir desta autorização do Departamento de Justiça dos EUA, investigará os crimes de lavagem de dinheiro, ocultação de valores, apropriação indevida e falso testemunho supostamente cometidos por Jair Bolsonaro e pessoas próximas ao ex-presidente, como o tenente-coronel Mauro Cid e seu pai, o general Mauro Lourena Cid — apontado como um dos integrantes do esquema que negociou a venda de artigos de luxo nos EUA.
O pedido de colaboração feito pela PF à Justiça dos EUA prevê quebras de sigilos bancários dos investigados; diligências em joalherias na Florida, Nova York e Pensilvânia; levantamentos de dados sobre imóveis e depoimentos de testemunhas e de suspeitos de envolvimento no esquema.
A expectativa é que já nas próximas semanas o FBI envie à PF materiais obtidos através de suas diligências e que podem ser úteis à investigação brasileira.
Operação Lucas:12
A escândalo do esquema de venda de artigos de luxo nos EUA veio à tona a partir da Operação Lucas 12:2, realizada pela Polícia Federal em agosto deste ano, com mandados expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Os alvos, todos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, são suspeitos de terem se apossado de bens valiosíssimos do Estado brasileiro, dados por autoridades estrangeiras, que estariam sendo vendidos no exterior para que o dinheiro fosse entregue ao ex-ocupante do Palácio do Planalto.
Os federais o acusam explicitamente nos autos de fazer parte e ser o principal beneficiário de uma organização criminosa que desviava objetos valiosíssimos da Presidência da República, que eram contrabandeados para o exterior, para então serem vendidos e os valores repassados em espécie ao político de extrema direita habituado a um discurso duro anticorrupção e moralista. A ida dele para os EUA, em 30 de dezembro de 2022, ainda no cargo, teria sido para utilizar o avião presidencial no esquema, apontam os documentos do inquérito.