Se a tentativa de resgate dos 28 brasileiros na Faixa de Gaza, incluindo uma idosa e 15 crianças, não for bem-sucedida pela fronteira com o Egito, eles enfrentarão a ameaça da fome, conforme alertam diplomatas envolvidos na situação. A situação é crítica, com relatos preocupantes recebidos pelo governo brasileiro.
Os estoques de comida fornecidos pela Unrwa, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, estão à beira do esgotamento, com apenas quatro dias de suprimentos restantes. Esses suprimentos são a principal fonte de alimento para os brasileiros na região.
A Unrwa, segundo os diplomatas, distribui comida para cerca da metade da população local, que enfrenta um bloqueio rigoroso de Israel. No entanto, devido ao bloqueio, os alimentos não estão chegando.
Israel anunciou que não fornecerá eletricidade, comida ou água a Gaza enquanto o grupo militante Hamas mantiver reféns no território. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, solicitou a Israel, por meio de carta, a criação de corredores humanitários para permitir a saída de civis dali e a entrada de suprimentos alimentares.
Outros países, como o Egito, também pedem por segurança na passagem de ajuda humanitária para Gaza, mas até o momento, esses pedidos não foram atendidos.
De acordo com um diplomata que preferiu permanecer anônimo, a situação é grave, e a fome é uma ameaça iminente para esses brasileiros.
O grupo de 28 brasileiros está abrigado em uma escola católica, e o governo brasileiro já fez um apelo a Israel para evitar bombardeios nesse local. Eles têm se alimentado com recursos limitados, como queijo, pão, geléia e carne em fatias finas, dadas as condições desafiadoras. No entanto, as crianças expressam gratidão pela segurança relativa na escola.
Esses brasileiros enfrentam condições de vida muito diferentes dos brasileiros que estavam em Israel e já estão retornando ao Brasil em voos da FAB (Força Aérea Brasileira). Eles não são turistas, nem possuem recursos financeiros significativos. São pessoas carentes que já moravam em Gaza devido à cidadania palestina e já viviam em extrema dificuldade.
O governo brasileiro tem buscado negociar com o Egito a passagem desses brasileiros pela fronteira do país árabe, mas o Egito reluta em ajudar, preocupado com o potencial influxo de palestinos através da fronteira, o que poderia transformá-los em refugiados.
A situação se agravou com os bombardeios israelenses na cidade de Rafah, que é parte do trajeto que os brasileiros teriam que percorrer.