Filipe Martins, ex-assessor mencionado na delação premiada de Mauro Cid, deixou Brasília com destino a Orlando, nos Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022, no mesmo dia que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No entanto, sua localização atual é desconhecida, e nem mesmo seus aliados próximos ou advogados envolvidos em processos relacionados a Martins conseguem determinar onde ele se encontra.
Após as eleições, Martins entregou as chaves do apartamento que alugava na Asa Sul, bairro de Brasília, e o imóvel foi alugado para outra família no primeiro semestre deste ano. Documentos indicam que Martins foi registrado pelo governo dos Estados Unidos como tendo entrado em Orlando, Flórida, mesma cidade onde Bolsonaro ficou até março.
Apesar das tentativas de contato por telefone, em endereços conhecidos e nas redes sociais, Filipe Martins não retornou nenhuma das mensagens da reportagem do Metrópoles. Até mesmo pessoas próximas a ele afirmaram não saber onde ele está.
Houve relatos de que Martins teria buscado emprego no PL (Partido Liberal) de Bolsonaro após o retorno do ex-presidente ao Brasil, mas não se sabe se essas conversas ocorreram pessoalmente.
Processos judiciais envolvendo o bolsonarista também têm sua localização incerta. Advogados que representam partes em ações judiciais que o envolvem solicitaram sua intimação para atualizar seu endereço, indicando a dificuldade em encontrá-lo.
Jair Bolsonaro, Mauro Cid e Filipe Martins. (Foto: Reprodução)
O desaparecimento de Filipe Martins chamou a atenção em Brasília após Mauro Cid, tenente-coronel, afirmar em sua delação premiada que o ex-assessor entregou uma minuta de plano golpista a Bolsonaro no final de 2022. Cid também alegou que ele teria intermediado o contato do então presidente com um advogado constitucionalista interessado em participar de um possível golpe. Segundo o ex-ajudante de ordens, Bolsonaro apresentou o documento aos líderes das Forças Armadas e recebeu apoio do então comandante da Marinha, Almir Garnier, para seguir adiante com o plano.
Parlamentares bolsonaristas e ex-membros do governo também perderam o contato com Martins após a delação, e sou outros que não têm informações sobre sua localização. O ex-assessor era conhecido por sua discrição e deixou poucos amigos em Brasília.
A Polícia Federal convocará Martins, Garnier e todos os citados na delação de Cid para prestar depoimento. Bolsonaro também será chamado para esclarecer as revelações feitas pelo ex-ajudante de ordens da Presidência. A investigação continua a fim de esclarecer os detalhes sobre as acusações apresentadas por Mauro Cid.