Após a derrota para Lula nas eleições de 30 de outubro, Jair
Bolsonaro (PL) se trancou no Palácio da Alvora para, ao que indicam as
investigações da Polícia Federal (PF), articular um golpe de Estado e
impedir a posse do sucessor. O plano teria contado com o auxílio de
militares próximos ao ex-presidente, que teria submetido a ideia aos
comandantes das Forças Armadas.
Em delação à PF, o tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de
ordens da Presidência, afirmou que Bolsonaro teria convocado uma
reunião com os comandantes das três forças onde apresentou até mesmo uma
minuta para o golpe.
Comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier teria colocado as
tropas à disposição da intervenção, mas o plano teria sido barrado pelo
chefe do Exército, o general Marco Antônio Freire Gomes, que chegou a
ameaçar a dar voz de prisão a Bolsonaro.
O Comandante do Exército tinha conhecimento de que não havia
condições para o golpe dentro do Exército. Ele sabia que os comandantes
do Sul (Fernando Soares), do Sudeste (Thomaz Paiva), do Leste (André
Novaes) e do Nordeste (Richard Nunes) não apoiariam quaisquer aventuras
golpistas de Bolsonaro. Além disso, uma tentativa de golpe não teria
apoio dos Estados Unidos, de Joe Biden.
No entanto, ao menos 6 dos 16 integrantes do Alto Comando do
Exército, formado pelo comandante e por generais quatro estrelas, teriam
sinalizado apoio ao golpe de Bolsonaro durante um processo de discussão
interno na força.
São eles, segundo levantamento divulgado pelo "Blog do Nolasco", no portal R7, do Grupo Record:
- General Júlio César de Arruda, ex-comandante do Exército que ficou
apenas 23 dias na função e caiu após os atos golpistas de 8 de Janeiro;
- General Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, comandante do
Coter (Comando de Operações Terrestres), que chegou a preparar as ações
de intervenção no Judiciário;
- General Edson Skora Rosty, subcomandante do Coter. Ele foi citado em
conversas entre o tenente-coronel Mauro Cid e o coronel Jean Lawand
Junior que foram descobertas pela Polícia Federal no celular do
ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- General Sérgio da Costa Negraes, secretário de Economia e Finanças do Exército, que também já foi comandante militar do Norte;
- General Anisio David de Oliveira Junior, que foi comandante militar do Oeste;
- General Eduardo Antônio Fernandes, que atuava no Ministério da
Defesa e hoje está como conselheiro da missão permanente do Brasil na
ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York.
Ficaram contra o golpe de Bolsonaro:
- General Tomás Miguel Ribeiro Paiva, atual comandante do Exército que
atuava como chefe do Comando Militar do Sudeste. O militar teria atuado
para evitar um tom mais duro dos militares na auditoria sobre as urnas
eletrônicas. Mas, por outro lado, não barrou o acampamento de apoiadores
de Bolsonaro em São Paulo;
- General Richard Fernandez Nunes, era comandante militar do Nordeste;
- General Valério Stumpf, ex-comandante militar do Sul e que também foi comandante do Estado-Maior do Exército;
- General Guido Amin Naves, que era chefe do Departamento de Ciência e
Tecnologia do Exército. Naves atuou na Comissão de Transparência das
Eleições, instituída pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e evitou
que constassem no relatório dados contra o processo eleitoral
brasileiro.