O STF condenou nesta quinta-feira (14) Aécio Lúcio Costa Pereira, primeiro réu julgado pelos atos golpistas de 8 de janeiro, pelos cinco crimes citados na denúncia da PGR.
Numa sessão marcada pela carraspana moral aplicada por Alexandre de Moraes no colega bolsonarista André Mendonça, que replicou a tese golpista de que o governo Lula tentou aplicar um autogolpe, Aécio pegou 17 anos de reclusão, 100 dias-multa e R$ 30 milhões em danos morais coletivos (valor a ser ressarcido em conjunto com outros réus).
Os crimes são dano qualificado, deterioração de patrimônio público tombado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e associação criminosa.
A pena é duríssima e agora surge a expectativa sobre a punição reservada aos mentores do sujeito, aqueles que incentivaram, permitiram, financiaram, estimularam a turba. Os militares terão de pagar, mas a hora de Jair Bolsonaro é que está chegando.
Gilmar Mendes apontou o caminho em seu voto. “Por isso que eu digo: é necessário ter a perspectiva de todo esse contexto em que nós estamos inseridos”, disse.
“Felizmente, nós estamos aqui para contar uma história que é uma história da sobrevivência da nossa democracia. Nós poderíamos estar em outro lugar contando a história de um atropelamento. Da destruição da democracia”.
Bolsonaro surge como sujeito nem tão oculto assim: “Não são fatos isolados. O ministro André Mendonça lembrou da gravação da reunião ministerial. É bom lembrar disso para não esquecermos. Ali, o ministro da Educação, Weintraub, nos chamava de vagabundos e dizia que nós todos deveríamos estar presos. É bom que se lembre disso, era uma reunião ministerial”.
“Isso não está descontextualizado do que a gente viveu no 8 de janeiro. Está claro que nesse momento a gente está julgando o Aécio, mas falta alguém. O pano de fundo é tudo isso que ocorreu todo esse tempo”.
Falta alguém em Nuremberg.
Esse alguém é o covarde que estava no hospital se recuperando da operação de uma hérnia de hiato e da correção de um desvio de septo nasal.