O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se diz "decepcionado" com a delação de seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Ele diz a aliados que não contava com a "deserção" do tenente-coronel.
Apesar disso, o que tem espantado mesmo as pessoas próximas é o desânimo de Bolsonaro. Segundo um integrante da cúpula do PL, o ex-presidente exibe agora um abatimento comparável ao que apresentava nos dias que se seguiram à derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no ano passado.
Segundo informações do Blog do Josias, ele confidenciou a correligionários o receio de que Bolsonaro decida submergir.
Ao menos quatro generais
A expectativa em torno da delação premiada do tenente coronel Mauro Cid tem provocado um misto de ansiedade e pânico na cúpula militar, especialmente entre generais da caserna que serviram no governo do ex-presidente.
A ansiedade nas Forças Armadas, no entanto, se dá pela possibilidade de Cid envolver militares da ativa, entre eles o ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que teria escalado subordinados na pasta para auxiliar o "hacker" Walter Delgatti no documento que contesta o sistema de votação pelas urnas eletrônicas.
Como ajudante de ordens, Cid fazia a ponte de Bolsonaro com todos os ministros, incluindo Anderson Torres, da Justiça, pivô da minuta golpista.
Em sua delação, o tenente coronel se comprometeu a falar tudo o que sabe sobre a minuta golpista, o que pode implicar ainda mais militares.
Pelo documento, após o golpe e a instalação de um "Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral", comandado por Alexandre de Moraes, seria formada uma “Comissão de Regularidade Eleitoral” com 8 dos 17 representantes nomeados pelo ministro Paulo Sergio Nogueira, da Defesa.
A junta seria responsável por reverter o resultado das urnas e garantir a manutenção de Bolsonaro no poder.