Neste sábado (2), o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a meta de zerar o déficit primário em 2024 é ambiciosa, porém não impossível. As falas do ministro ocorreram durante participação em evento promovido pela XP, em São Paulo.
“A meta para 2024 é muito ambiciosa, mas, se todo mundo remar na mesma direção, ela vai acontecer. E quanto antes acontecer, mais cedo vamos colher os frutos”, disse.
Os comentários do ministro surgem após o mercado levantar certo “ceticismo” com relação a meta de déficit zero, estabelecida por ele, para 2024.
Na última quinta-feira (31), foi entregue a proposta do Orçamento do próximo ano, com a promessa de arrecadar mais R$ 168 milhões, mas não há garantia que todo esse valor será obtido, pois depende da aprovação do Congresso e até de discussão na Justiça.
“Com 1% desses 10% a gente ajusta as contas públicas. Não é pedir demais”, disse.
O esforço fiscal e a trava do arcabouço que impede um crescimento dos gastos acima de 2,5%, acrescentou o ministro, melhoram as condições de sustentabilidade da dívida pública e podem permitir ao BC (Banco Central) sinalizar um corte não mais de 0,5 ponto percentual da Selic, mas de 0,75 ponto, defendeu o ministro.
Ele disse ainda que o objetivo do governo é buscar resultados primários cada vez mais consistentes, “contando que a autoridade monetária vai se somar a esse esforço, porque, se continuarmos pagando 10% de juro real ao ano, é muito difícil o fiscal responder”.
Ainda na entrevista, o ministro afirmou que é um “milagre” a economia brasileira ter capacidade de crescer 3% ao ano, conforme as expectativas após o PIB do segundo trimestre, com um juro real no atual patamar em que se encontra.
“Fica difícil explicar para um economista estrangeiro como a economia cresce 3% com a taxa de juro real de 10%, não tem livro de economia que explique o que acontece com a economia brasileira. É prova da nossa pujança”, declarou Haddad.
O ministro também destacou o papel do Congresso no rumo das políticas econômicas brasileiras no restante do ano. De acordo com ele, se o Congresso afastar pautas bombas e medidas populistas, o país pode terminar o ano “muito bem”.
“A bola está com o Congresso, como esteve no começo do ano”, afirmou.
Ele acrescentou que os congressistas aprovaram todas as medidas econômicas que foram levadas pelo governo durante o primeiro semestre, e que agora o país está “colhendo os frutos”.