A Polícia Federal (PF) investiga as negociações do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), para vender um relógio da marca Rolex, recebido de presente da Arábia Saudita em viagem oficial.
A negociação do bolsonarista, que tiveram início em 6 de junho de 2022, será apurada pela PF em um desdobramento do inquérito que investiga o recebimento de joias por uma comitiva do governo Bolsonaro na Arábia Saudita. A informação é do G1.
Na mesma data, segundo membros do colegiado, documentos apontam que houve a liberação de um relógio Rolex do acervo privado do então presidente Bolsonaro. Em 11 de novembro de 2019, um Rolex havia sido protocolado no Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do gabinete da Presidência da República como “acervo privado”.
Segundo documentos obtidos pela CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro, o militar recebeu um e-mail em inglês de uma interlocutora. “Obrigado pelo interesse em vender seu rolex. Tentei falar por telefone, mas não consegui”, disse ela.
“Quanto você espera receber por ele? O mercado de rolex usados está em baixa, especialmente para os relógios cravejados de platina e diamante, já que o valor é tão alto. Eu só quero ter certeza que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa”.
Cid, por sua vez, disse que não possuía o certificado do Rolex, pois “foi um presente recebido durante uma viagem oficial”. O militar também afirmou que pretendia vender a peça por US$ 60 mil (cerca de R$ 300 mil, em cotação atual). Os e-mails não detalham o contexto do recebimento do relógio.
Em outubro de 2019, durante uma visita à Arábia Saudita, Bolsonaro recebeu um conjunto de joias, composto por um Rolex, um anel, uma caneta e um rosário islâmico, do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud. O item de luxo, no entanto, foi devolvido pela defesa do ex-capitão em abril deste ano.
Vale destacar que Mauro Cid tentou reaver o conjunto de joias em posse do Fisco no fim do ano passado, antes do ex-mandatário deixar o poder e embarcar para os Estados Unidos, dias antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).