Integrantes do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal afirmaram que militares do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), vinculada ao Exército, se recusaram a combater a invasão promovida por simpatizantes o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Brasília, no dia 8 de janeiro. A informação é do colunista Aguirre Talento, do UOL.
Os policiais faziam parte do grupo Patamo Alfa do Batalhão de Choque e foram acionados no início da tarde daquele dia, quando os apoiadores do ex-chefe do Executivo começaram a forçar a invasão dos prédios dos Três Poderes. A documentação, no entanto, indica novas suspeitas de irregularidades na atuação do Exército.
Segundo o relatório feito pelo então primeiro-sargento Beroaldo José de Freitas Júnior, que estava na defesa do Palácio do Planalto na ocasião, policiais militares pediram ajuda a um pelotão do Exército que estava equipado e de prontidão na área externa do Planalto, mas a resposta foi negativa.
“O Patamo Alfa combateu na defesa do Palácio do Planalto e na via N1; ficamos obrigados a recuar mesmo contra nossa doutrina, pois fomos superados de forma desproporcional ao efetivo empregado, que era de 10 escudeiros, 02 atiradores e 03 operadores químicos”, diz trecho do relatório.
“Durante o recuo nos aproximamos da guarita do Palácio do Planalto, onde um pelotão do Exército Brasileiro encontrava-se pronto e equipado; solicitei ajuda dos mesmos para nos auxiliar contra a turba, mas recebi a seguinte resposta ‘não podemos atuar’, insisti para que pelo menos abrisse a grade/portão de acesso para que o Pelotão de Choque pudesse se abrigar ali e diminuir, mesmo que de forma precária, o ataque ferrenho que enfrentávamos, e, novamente, recebi como resposta que não podiam nos ajudar.”
Beroaldo também conta que, diante da recusa do BGP em ajudar a conter os bolsonaristas, ele mesmo chutou um trecho da grade de proteção do Planalto para entrar no seu território e abrigar a tropa de choque lá, formando uma linha de defesa em conjunto com os militares do Exército.
Os militares, entretanto, recuaram e deixaram a linha de defesa, conforme relatou o policial militar: “Já na área (interna) do Palácio do Planalto, onde reorganizamos a tropa e nos salvamos de um massacre certo, com essa atitude, forçamos o Exército a combater os vândalos também”, afirmou.
“O confronto se intensificou, novamente, por volta das 15h30, momento em que nos cercaram no Palácio do Planalto: o Exército brasileiro acabara por abandonar a linha que anteriormente fizera ao lado do Patamo, uma vez que se afastaram para a retaguarda da tropa devido ao gás lacrimogêneo, por duas vezes isso ocorreu – diante do desespero que tomou conta da tropa do Exército – momento em que fui compelido a tomar algumas atitudes para o oficial à frente da tropa do Exército e falei em alta voz para que comandasse sua tropa e parasse de ‘frouxura'”.
Beroaldo ainda reconheceu que a medida tomada na ocasião foi “extrema”: “Reconheço que fora uma medida extrema, a fim de que essa incoerente apatia do oficial do Exército não contaminasse nossa tropa e fôssemos dominados pelo medo e desespero, o que resultaria consequências devastadoras e derrota certa”.