O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta segunda-feira (29), que a retomada das relações entre o Brasil e a Venezuela “é plena” e defendeu que os dois países intensifiquem parcerias em diversos campos, incluindo o militar para combater o narcotráfico nos cerca de 2,2 mil quilômetros de fronteiras entre os dois países amazônicos.
“Sabemos das dificuldades que nós temos, sabemos da quantidade de empresas que já estão na Venezuela e que querem voltar para a Venezuela, sabemos da dívida da Venezuela e sabemos que tudo isso faz parte e vai fazer parte de um acordo que a gente faça para que a nossa integração seja plena. É isso que eu desejo e é isso que eu espero que você contribua, para que a relação entre Brasil e Venezuela não seja apenas comercial. Ela tem que ser comercial, pode ter uma relação política, pode ser cultural, econômica, pode ser feita com tecnologia, entre nossas indústrias construindo parcerias, entre nossas universidades, inclusive entre nossas Forças Armadas, trabalhando em conjunto na fronteira para que a gente combata o narcotráfico”, disse Lula após uma reunião com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Lula ressaltou, ainda, que Maduro foi eleito por meio do voto popular e qualificou o opositor venezuelano Juan Guaidó como um “impostor”. "Briguei muito com companheiros, social democratas europeus, com governos, com pessoas dos EUA. Achava a coisa mais absurda do mundo para as pessoas que defendem a democracia era negarem que que você era presidente da Venezuela tendo sido eleito pelo povo e um cidadão que foi eleito para ser deputado fosse reconhecido como presidente da Venezuela”.
"Muitas vezes discuti com meus companheiros europeus eu dizia que não compreendia que como um continente que exerceu a democracia tão plena como a Europa exerceu quando construiu a união europeia poderia aceitar a ideia de que um impostor pudesse ser presidente da República porque eles não gostavam do presidente eleito”, disse Lula em referência ao opositor venezuelano Juan Guaidó.
Ainda segundo Lula, “o preconceito com a Venezuela é muito grande. Quantas críticas a gente sofreu aqui por sermos amigos da Venezuela. Havia discursos e mais discursos que diziam ‘não, se o Lula ganhar a eleição o Brasil vai virar uma Venezuela, vai virar uma Argentina, uma Cuba’. Quando, na verdade, o único sonho nosso era ser o Brasil mesmo, um Brasil melhor, mais democrático, mais rico, com mais distribuição de renda”.