O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou, nesta quinta-feira (23), o plano de integrantes do PCC para realizar ataques contra servidores públicos. Ele afirmou que “se for mais uma armação, Sergio Moro (União Brasil-PR) ficará mais desmascarado ainda”.
O ex-ministro da Justiça e atual senador era um dos alvos do grupo de nove suspeitos presos, na manhã de quinta-feira (22), pela Polícia Federal (PF). Lula visitava o Complexo Naval de Itaguaí (RJ) quando foi questionado sobre o assunto.
“Eu não vou falar porque eu acho que é mais uma armação do Moro. Mas eu quero ser cauteloso e vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro, mas eu vou pesquisar e ficar sabendo da sentença”, disse Lula.
Segundo investigação da PF, o PCC tinha olheiros para monitorar a casa de Moro, além de sua esposa, a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP), e filhos.
Ao menos dez criminosos se revezavam no monitoramento da família do senador, de acordo com agentes. Em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, a PF encontrou um esconderijo, com fundo falso, que seria para guardar objetos e deixar pessoas sob cárcere, como mostrou a CNN.
Os suspeitos presos alugaram chácaras, casas e até um escritório ao lado de endereços do senador. O monitoramento também aconteceria em viagens fora do estado.
O ponto inicial da investigação é do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Presidente Prudente (SP).
O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que desde o começo dos anos 2000 investiga a facção, e era outro alvo do grupo, tomou ciência do plano e avisou à cúpula da PF em Brasília, que designou um delegado para abrir uma investigação.
A partir de então, o senador Sérgio Moro e a esposa passaram a ter reforço na segurança pessoal, do Senado e da Câmara, como mostrou o analista da CNN Gustavo Uribe.
Moro pergunta: “Você não tem decência?”
“Então quero perguntar ao senhor presidente da República: O senhor não tem decência? O senhor não tem vergonha com esse seu comportamento? O senhor não respeita a liturgia do cargo? O senhor não respeita o sofrimento de uma família inocente? O senhor não respeita o combate que os agentes da lei, e aqui eu me incluo, como ex-ministro da justiça e, antes, juiz, o combate que nós fizemos ao crime organizado”, indagou Moro.
“Não posso admitir que o presidente da República, o maior magistrado do país, trate um assunto dessa severidade e dessa gravidade dando risada e mentindo à população brasileira, sugerindo que poderia ser, de alguma forma, uma armação feita da minha parte”, complementou.
(Publicado por Lucas Schroeder)