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Lula alavanca pauta social com Mais Médicos e extra no Bolsa Família em meio a impasse na economia

Presidente busca conciliar as promessas de campanha na área social em meio à pressão dos bancos para definição de política fiscal e da nova taxa Selic de juros

Publicada em 20/03/23 às 11:58h - 15 visualizações

Revista Fórum


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Lula alavanca pauta social com Mais Médicos e extra no Bolsa Família em meio a impasse na economia
 (Foto: Ricardo Stucker)

Em meio à turbulência econômica em torno do debate sobre o arcabouço fiscal, que pretende substituir o teto de gastos no controle do orçamento federal, Lula busca alavancar a pauta social para marcar os 100 dias de governo, no próximo dia 10 de abril.

Nesta segunda-feira (20), o presidente vai participar do relançamento do Programa Mais Médicos, que foi criado pelo atual ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, quando comandava a pasta da Saúde no governo Dilma Rousseff em 2013.

O programa, que contratou médicos cubanos para atuar em áreas desprestigiadas pela classe médica no Brasil, foi um dos principais alvos de setores da extrema-direita que aderiram à narrativa de Jair Bolsonaro (PL), como o Conselho Federal de Medicina (CFM).

"Hoje muita coisa mudou, então o Brasil precisa de um novo Mais Médicos, que com certeza vai ajudar não só a cuidar das pessoas e contribuir com o nosso grande movimento de vacinação, mas também a reduzir as filas de cirurgias e de exames do SUS", disse Padilha ao anunciar o retorno do programa.

A fala do ministro, divulgada em vídeo nas redes sociais, incorpora o termo usado por Lula durante a campanha e que está sendo retomado nas reuniões ministeriais: "cuidar das pessoas", dando ênfase às ações sociais junto à população mais pobre.

“O papel do Estado é cuidar das pessoas”, disse Lula na ultima quarta-feira (15), durante lançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), projeto que busca garantir direitos das populações mais vulneráveis diante do avanço da violência policial.

Também nesta segunda, o governo começa o pagamento do novo Bolsa Família, com valor médio de R$ 670, com a inclusão de um adicional de R$ 150 por criança de 0 a 6 anos. 

O benefício será inicialmente pago a 694.245 famílias que preenchiam os requisitos, mas não estavam na lista de beneficiários, passem a receber os valores. 

Segundo o governo, há no cadastro das 21,19 milhões de famílias que recebem o benefício 8,9 milhões com crianças até 6 anos, que receberão o extra. No total, será investido R$ 14 bilhões no programa somente no mês de março, um valor histórico, que será refletido principalmente na economia local.

Atrito econômico

Ao mesmo tempo em que usa os programas sociais para alavancar a micro economia, o governo Lula trava uma batalha na macroeconomia, com o atrito entre os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), que buscam limitar os investimentos do governo com o arcabouço fiscal, e os ministros das áreas sociais, que contam com o apoio de setores do PT, incluindo a presidenta Gleisi Hoffmann (PT-SP), que defende uma "política fiscal contracíclica, expansionista" em meio às projeções de crescimento de 1%, divulgada na última semana pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), abaixo da média mundial, de 2,6%.

"Se é verdade q a economia crescerá menos este ano segundo indicadores divulgados pelo governo, precisamos então aumentar os investimentos públicos e não represar nenhuma aplicação no social. Em momentos assim, a política fiscal tem de ser contracíclica, expansionista", escreveu Gleisi no sábado (18), um dia após a reunião no Planalto em que Lula pediu a Haddad para ouvir mais pessoas antes de fechar a proposta do arcabouço.

Pressionado pelo sistema financeiro, o ministro da Fazenda busca fechar a proposta com Lula antes da viagem à China, no final da semana, e da divulgação da reunião do Copom, na quinta-feira (23), sobre a taxa de juros.

Em meio ao campo minado, Lula e a ala política vêem a manutenção dos juros nas alturas e a adoção de um política fiscal de contração nos investimentos federais como um tiro no pé, que vai refletir diretamente nas promessas de campanha e na popularidade do governo.




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