Entre os próximos dias 26 e 31, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estará em visita de Estado a Pequim e Xangai, na China, e os dois governos vão assinar ao menos 20 acordos de cooperação bilateral. Um deles prevê a construção e o lançamento em órbita de um satélite sino-brasileiro que possibilitará um avanço na qualidade de imagem de monitoração do desmatamento florestal na Amazônia e em outros biomas.
“O CBERS 6 será o primeiro satélite desenvolvido entre os dois (países) que usa uma tecnologia que permite ao radar monitorar a floresta mesmo com nuvens. É um avanço”, pontuou o embaixador Eduardo Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty.
O programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) já produziu e colocou em órbita seis satélites, com o primeiro lançamento ocorrido em 1999 e o último em 2019. Desde o início, os investimentos já passam dos US$ 300 milhões.
De acordo com o Estadão, os governos da China e do Brasil ainda acertaram uma cooperação na área de esportes e no âmbito cultural, para a promoção de coproduções televisivas entre os dois países. Além disso, na lista de memorandos ligados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também existe uma linha de crédito em vista, meio ambiente, educação, ciência e tecnologia, finanças, protocolos sanitários e fitossanitários ligados a produtos do agronegócio, entre outras.
“É uma visita de importância comercial, econômica, mas também política. Ela acontece na sequência da retomada de contatos de alto nível. Ocorre num momento auspicioso, de novo ciclo político no Brasil e na China. O objetivo é o aprofundamento da parceria estratégica global”, disse o embaixador Eduardo Saboia.
Segundo ele, o país quer diversificar sua pauta comercial com a China, o que hoje é pautado por commodities exportadas, como carne, soja, minério de ferro e derivados do petróleo, e manufaturas importadas. O foco é explorar possibilidades.
“Quando dois países em desenvolvimento se encontram é também um momento em que Brasil e China, os dois líderes, falam para o mundo”, completou, sem antecipar a expectativa do governo em relação às propostas que Lula e Xi Jinping discutirão no dia 28, em Pequim, em relação à guerra da Ucrânia. O comunicado conjunto, ainda em fase de rascunho, deve ter cerca de 50 parágrafos.
“Isso demostra a densidade e o interesse. A participação também é recorde de empresários”, disse. A comitiva já registrou a marca de 240 empresários inscritos, um recorde. Representantes de diferentes empresas e setores econômicos estão disputando espaço e prestígio para serem incluídos na comitiva oficial do petista, em seleção que está sendo feita pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
O secretário Daniel Fernandes, do Departamento de Promoção Comercial, Investimentos e Agricultura destacou que os empresários não foram chamados para voar no avião presidencial e o governo não custeará hospedagem nem passagem.
“Já temos uma delegação recorde de cerca de 240 empresários inscritos. É um número muito grande. Somente do agronegócio temos cerca de 90 representantes. Estarão representados os mais diversos setores, de tecnologia, inovação, construção. Teremos um evento empresarial de dia inteiro, com cerca de 400 a 500 participantes. A procura é impressionante”, afirmou.