Como parte do pacote de ações sociais, prometido na campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um reajuste de até 39% nos repasses do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Segundo o governo, cerca de 40 milhões de alunos serão beneficiados com a medida. Na cerimônia no Palácio do Planalto, o chefe do Executivo alfinetou o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que o país sofreu "paralisia" e "desmonte" durante a antiga gestão e comentou a falta de reajuste da verba.
"A merenda escolar está há sete anos sem reajuste, o salário mínimo está há sete anos sem reajuste, o servidor público federal está há sete anos sem reajuste. Ou seja, significa que a única coisa que aconteceu neste país foi a produção de mentiras, fake news, e o país ficou paralisado", disparou.
O valor destinado por aluno do ensino fundamental e médio terá acréscimo de 39%, acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do período. Nessa faixa, está concentrada a maior parte dos estudantes da rede pública: 24 milhões, o correspondente a 60,5% do total. De R$ 0,36 por dia, o valor passará a R$ 0,50 por aluno.
Já a merenda de alunos indígenas e quilombolas passa de R$ 0,64, para R$ 0,82. A pré-escola, antes com R$ 0,53 por estudante, terá R$ 0,72. Esses dois grupos têm cerca de 3,6 milhões estudantes.
No caso de 11,7 milhões de crianças em creches, alunos de escolas em tempo integral, da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e do atendimento especializado, que já têm hoje um repasse maior, a correção será de 28%.
O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou que, com a correção, o orçamento destinado à compra da merenda passará de R$ 4 bilhões para R$ 5,5 bilhões. Ele também destacou o estímulo à agricultura familiar. "Para mim, é uma notícia importante, que vai na linha de que o presidente Lula tem defendido, que é tirar novamente o Brasil do mapa da fome", enfatizou.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, também comentou sobre o aumento da verba. "Uma diretora de uma escola mencionou que muitos alunos vão para a fila da merenda, pegam o prato e, comendo, voltam para a fila da merenda, porque no final de semana não tinha alimentação nas suas casas. Então, o programa de alimentação escolar é muito importante", relatou.
Teixeira citou que Lula anunciará em breve o
Programa de Alimentos Saudáveis (PAS), que deve ser iniciado no
Nordeste, além da retomada do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). E
que o Plano Safra terá mais estímulos para a produção de alimentos. Ele
ressaltou que o governo retomará o programa de reforma agrária no
Brasil.
"Pé na estrada"
Lula disse, ainda, que após retornar da China, no começo de abril, intensificará a rotina de viagens pelo país com foco em entregas de obras. "Vamos completar 100 dias, vamos anunciar outras coisas e, quando eu voltar da China, vou colocar o pé na estrada. Tenho dito que quero ficar dois dias em Brasília e cinco dias andando por este país para poder visitar, conversar com as pessoas e fazer as coisas acontecerem", frisou. Ele destacou que há 14 mil obras paradas no país. "Quero viajar o Brasil para a gente voltar a inaugurar casa, escola, creche, estrada, universidade, escolas técnicas. Temos de colocar este país em funcionamento."
No último dia 2, o petista anunciou o novo programa Bolsa Família. Os beneficiários receberão o valor de R$ 600, que era promessa de campanha de Lula, além de um adicional de R$ 150 por criança de até 6 anos, e outro de R$ 50 para cada integrante entre sete e 18 anos incompletos e para gestantes. No mês passado, Lula relançou o programa Minha Casa, Minha Vida.
Ministro: novo PAC sai até fim de abrilO presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer lançar um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que existiu nas gestões passadas do PT. Segundo o chefe do Executivo, a medida foi "o momento mais rico de investimento" no Brasil. Ele pediu ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, e ao ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, que apresentem uma nova versão para o programa, incluindo um "novo nome".
"O PAC foi muito importante, produziu muita coisa, mas se a gente puder criar um novo programa é importante. Mostra que estamos renovando, inovando, que temos criatividade para fazer outras coisas", argumentou Lula, na abertura da reunião com ministros para tratar de infraestrutura.
Após o encontro, Rui Costa afirmou que o novo programa de obras vai ser lançado no fim de abril e será composto de investimentos federais, concessões e um incentivo a novos projetos de Parceria Público-Privada (PPP).
O ministro da Casa Civil lembrou que o Executivo federal nunca lançou mão das PPPs para ativos de infraestrutura e que esse formato será usado a partir de agora para alavancar investimentos no país.
Ao abordar o tema, ele disse que os juros no país precisam recuar para "colocar de pé" os projetos de PPPs. "Não é fácil colocar um projeto de PPP e concessão em pé a esta taxa de juro. O Brasil precisa de emprego, precisa trabalhar, precisa produzir na indústria."
A Casa Civil tem em mãos uma lista de mais de 400 empreendimentos listados como prioritários pelos estados — a pasta ainda selecionará o que entrará no plano. Agora, começa a fase de reuniões com os ministérios de Lula.
"Iniciamos (a reunião de ontem) com a infraestrutura de planejamento que cada ministério fez, e apresentamos o novo plano de investimentos", disse.
O ministro também afirmou que o governo iniciou a temporada de receber os projetos que são demandados pelos municípios, e que a carteira do programa de investimentos não será composta apenas de novos projetos, prevendo igualmente a conclusão de obras ainda em andamento.
Costa: "Não é fácil colocar um projeto de PPP em pé a esta taxa de juro" (foto: Evaristo Sa / AFP)
Rui Costa informou que o Executivo avalia aumentar o subsídio para a chamada faixa 2 do programa Minha Casa, Minha Vida. Lula relançou o programa de habitação em fevereiro com a promessa de que as obras de unidades habitacionais seriam retomadas. No novo Minha Casa, a faixa 2 contempla núcleos familiares com renda bruta mensal de R$ 2.640 a R$ 4.400.
Segundo o ministro, o presidente também quer lançar em breve o programa Água para Todos, criado em 2011, que reúne medidas preventivas e corretivas contra a seca nas regiões onde a precipitação pluviométrica é escassa, sobretudo nas zonas rurais. (Com Agência Estado)