A Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal em São Paulo quer colher os depoimentos do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, e de uma série de ex-assessores do ex-presidente e do ex-ministro sobre o caso da tentativa da comitiva do governo Bolsonaro de entrar ilegalmente com joias milionárias no país.
A Polícia Federal instaurou nesta segunda-feira (6/3) um inquérito para investigar o episódio.
Conforme os repórteres Adriana Fernandes e André Borges, do Estadão, revelaram, em outubro de 2021, uma comitiva do governo que era chefiada pelo ex-ministro Bento Albuquerque voltou de uma viagem oficial à Arábia Saudita com joias no valor de 3 milhões de euros, o equivalente a R$ 16,5 milhões na bagagem, um presente dos sauditas para a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Ao
chegar ao Brasil, no Aeroporto de Guarulhos, o assessor de Bento
Albuquerque tentou entrar com as joias escondidas em sua mochila,
passando pela fila da alfândega destinada a quem entra no país sem bens a
declarar. A tentativa era ilegal. Pela lei, o assessor deveria ter
declarado as joias e ter pagado uma taxa de 50% do valor, R$ 8,25
milhões. Esse assessor também será chamado para depor à PF.
Outro chamados pela PF
Também será chamado para depor à PF o ex-chefe de Ajudância de Ordens de Bolsonaro, Mauro Cesar Barbosa Cid, que enviou em 28 de dezembro de 2022, a três dias de acabar o governo, um ofício à Receita Federal pedindo a liberação das joias apreendidas, conforme mostraram os jornalistas Andreia Sadi e Arthur Guimarães.
No ofício, Cid, o mesmo que foi o pivô da demissão por Lula do ex-comandante do Exército Júlio Arruda, mandava o assessor Jairo Moreira da Silva, primeiro-tenente da Marinha, embarcar para São Paulo e retirar as joias.
O documento mostra que havia um esforço por parte do então Gabinete do Presidente da República de reter as joias antes do fim do governo, e de uma forma pouco usual, já que essa função não caberia ao tenente-coronel Cid nem a ninguém do gabinete de Bolsonaro. Presentes deste tipo são catalogados e enviados para o acervo da Presidência, organizado pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica.
A PF pretende expedir, nos próximos dias, os pedidos de oitiva para todos eles.