O vereador Sandro Fantinel (sem partido), de Caxias do Sul (RS), além do processo de cassação aberto pela casa legislativa por declaração xenófoba contra baianos vítimas do trabalho análogo à escravidão, deve se tornar alvo da Polícia Federal e até mesmo ser preso devido a outra fala, feita em outra ocasião.
Em sessão ordinária no dia 17 de novembro de 2022, em meio à intensificação dos ataques de bolsonaristas ao Supremo Tribunal Federal (STF) após a vitória eleitoral do presidente Lula, o vereador, em plena Câmara, reproduziu uma fake news absurda que circulava entre os radicais: a de que um ministro da Corte teria "participado de orgia com crianças".
Nesta quinta-feira (2), o ministro da Justiça, Flávio Dino, tomou conhecimento da fala do bolsonarista e anunciou que vai encaminhá-la à Polícia Federal.
CassaçãoO vereador Sandro Fantinel, que usou a tribuna da Câmara Municipal de Caxias do Sul (RS) na terça-feira (28) para atacar com xenofobia trabalhadores baianos vítimas do trabalho escravo, deve ser cassado em até 90 dias. Em sessão ordinária nesta quinta-feira (2), a casa legislativa aceitou por unanimidade 4 pedidos de cassação contra o bolsonarista que haviam sido protocolados.
Em sua discurso na terça-feira, Fantinel relativizou o escândalo dos mais de 200 trabalhadores - a maioria da Bahia - resgatados em situação análoga à escravidão em uma empresa terceirizada que oferecia mão de obra para as vinícolas Salton, Aurora e Cooperativa Garibaldi, em Bento Gonçalves (RS), e afirmou que os nordestinos, a quem ele se referiu como os "lá de cima", seriam "sujos", sugerindo que as empresas gaúchas do ramo contratem apenas argentinos.
Ao aceitar os pedidos de cassação, a Câmara de Caxias do Sul criou uma comissão processante que terá até 90 dias para proferir uma decisão definitiva. Farão parte deste grupo os vereadores Felipe Gremelmaier (MDB), Tatiane Frizzo (PSDB) e Edi Carlos Pereira de Souza (PSB).
Na quarta-feira (1), o Patriota, que até então era o partido de Fantinel, decidiu expulsar o bolsonarista de seus quadros. Em nota para anunciar a expulsão, a legenda informou que o discurso do vereador foi "desrespeitoso e inaceitável" e "está maculado por grave desrespeito a princípios e direitos constitucionalmente assegurados, à dignidade humana, à igualdade, ao decoro, à ordem, ao trabalho".
Além do processo de cassação, Fantinel é alvo de investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) do RS por apologia ao trabalho escravo.