Dizendo que fake news devem ser
combatidas, o ministro atribuiu os boatos à oposição e reiterou que o
governo está conduzindo o processo com transparência e credibilidade.
“Esse é um discurso, uma retórica bolsonarista, de quem não quer o bem
do Brasil, de quem gosta de plantar fake news. Peço à
população. O Brasil é um país eficiente, moderno, transparente, com
regras claras. Não acreditem em mentiras. Não acreditem em fake news”, pediu Fávaro.
O ministro também descartou qualquer risco para o consumidor brasileiro.
Embora o consumo de carne de animais idosos seja permitido no mercado
interno, Fávaro ressaltou que a Vigilância Sanitária do Ministério da
Agricultura é eficaz e monitora a qualidade da carne consumida no país.
“O consumidor brasileiro pode ter certeza. Nosso sistema [de vigilância
sanitária] é eficiente. Temos segurança de que não há risco nenhum de
contaminação”, declarou.
Resultados do teste
Fávaro informou que o resultado do teste das
amostras enviadas ao exterior sairá até metade da próxima semana. O
ministro admitiu que haverá um pequeno atraso porque ontem (22), dia em
que o material chegou ao Canadá, também era feriado no país da América
do Norte. Segundo ele, o governo está num procedimento final de
desembaraçar (liberar) a amostra na alfândega canadense, para que ela
possa chegar ao laboratório até domingo (26).
“Estamos trabalhando nossa diplomacia, nossos contatos para que o
laboratório [canadense] dê atenção especial e agilidade, o que deve
acontecer em dois ou três dias a partir do momento em que a amostra está
lá. Aí nós teremos o resultado. Imediatamente, a informação será
disponibilizada ao mercado”, disse.
Embora a doença tenha sido confirmada pelos laboratórios brasileiros, o
exame no Canadá, mais sofisticado, informará se o caso era atípico
(gerado espontaneamente na natureza, sem transmissão) ou clássico
(transmitido entre animais por ingestão de ração contaminada). Fávaro
explicou que a propriedade em Marabá (PA), onde foi detectada a doença,
poderá voltar a comercializar o gado bovino assim que sair a confirmação
do caso atípico, e reiterou que a carcaça do animal foi incinerada, sem
contato com o restante do rebanho.
“É importante ressaltar que o Brasil até hoje só teve casos atípicos da
doença. O animal não comia ração, só foi criado em pasto numa pequena
propriedade e já era considerado idoso, com 9 anos. Não há sintomas em
nenhum outro animal de rebanho que conviveu com ele. Tudo isso indica
que [o caso de vaca louca] é uma evolução natural da degeneração de
células [do sistema nervoso] que alguns indivíduos apresentam. Por isso,
a expectativa é que deva ser considerado mais um caso atípico”,
declarou.
China
Na última vez em que foram confirmados casos
da vaca louca no Brasil, em 2021, as exportações para a China ficaram
suspensas por cerca de 100 dias, de setembro a dezembro daquele ano.
Apesar de reconhecer que a suspensão trará prejuízos para a balança
comercial brasileira, o ministro disse esperar que o processo seja
breve.
“Já houve casos em que a exportação [à China] ficou suspensa por 13
dias. A palavra de ordem do presidente Lula, que não seria diferente por
parte do ministério, é transparência total na informação, agilidade,
cumprir os protocolos. Isso é fundamental para ter credibilidade, e
estamos fazendo isso imediatamente a partir da suspeita”, disse. O
protocolo de suspensão das exportações à China está em vigor desde 2015.
Hoje pela manhã, Fávaro reuniu-se com o embaixador da China no Brasil,
Zhu Qingqiao, para prestar todos os esclarecimentos. O ministro
disse ter tido boa receptividade da parte do governo chinês.
“Estive conversando hoje com o embaixador chinês. Comunicamos o tema e
coloquei à disposição os nossos secretários de Relações Internacionais e
de Defesa para irem pessoalmente à China. Obtivemos como resposta do
governo chinês que não há necessidade. Que eles estão satisfeitos com a
forma com que o processo está sendo conduzido. Isso é um indício muito
claro que essa suspensão não deve durar muitos dias”, comentou Fávaro.
A confirmação do caso de vaca louca ocorreu num momento em que as
exportações de carne bovina para a China estavam em alta. Em janeiro, as
exportações cresceram 7% na receita e 17% no volume em relação ao mesmo
mês de 2022, totalizando US$ 851,2 milhões e 183.817 toneladas, tanto
em carne in natura como congelada. As vendas para a China corresponderam
a 57% do total, com receita US$ 485,3 milhões e 100.164 toneladas
exportadas.
Edição: Claudia Felczak