Sem compromisso oficial ou agendas previstas, a viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que fugiu para Orlando, nos Estados Unidos, no dia 30 de dezembro do ano passado, faltando dois dias para o fim de seu mandato, já custou ao menos R$ 110 mil para os cofres públicos. Os valores devem ser maiores.
Com sua fuga às pressas, ignorando um dos tradicionais ritos democráticos que simboliza a troca de poder no país, Bolsonaro conseguiu executar mais um de seus planos: evitar passar a faixa presidencial ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e fugir do Brasil, evitando a sua temida eventual prisão.
No entanto, o montante da despesa total deveria ser maior. Isso só acontece pois o governo federal não divulga os gastos com os deslocamentos de aviações a serviço da Presidência. Bolsonaro viajou usando recursos do Executivo, antes do fim de seu mandato, para aproveitar as aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB).
Até então, ao que se sabe, foram gastos R$ 94,1 mil com “apoio de solo e comissaria aérea” e R$ 12,3 mil com diárias e seguro-viagem de servidores. Além disso, houve gastos com passagem aérea de US$ 655, equivalente a R$ 3,4 mil, na época. Os dados foram divulgados pela Secretaria-Geral da Presidência, atendendo uma solicitação de Lei de Acesso à Informação (LAI).
Por outro lado, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), informou que os gastos de deslocamento em aeronaves da Aeronáutica estão sob sigilo, em grau reservado, com duração de cinco anos. A justificativa é que se trata de “tema de acesso restrito para os planos e operações estratégicos das Forças Armadas”
De acordo com O Globo, um pouco antes da viagem, em meio a notícias sobre a intenção de Bolsonaro de deixar o Brasil, diversos integrantes da oposição anunciaram medidas jurídicas para tentar impedir a viagem, sob a alegação de que seria um uso indevido de dinheiro público, mas não houve sucesso.