A postura protecionista de Donald Trump não é novidade. Durante seu primeiro mandato (2017-2021), ele adotou uma série de medidas semelhantes, com destaque para a guerra comercial com a China, que resultou em tarifas bilionárias sobre produtos chineses, como tecnologia, bens de consumo e materiais industriais.
Ao reassumir a presidência em janeiro de 2025, Trump sinalizou o retorno dessa estratégia, intensificando o discurso de defesa da indústria americana e prometendo “reconstruir a força econômica dos Estados Unidos”. A nova tarifa sobre aço e alumínio faz parte desse movimento, mas analistas apontam que o contexto econômico atual é diferente e mais desafiador.
“O cenário econômico em 2025 é marcado por incertezas maiores que em 2018”, observa Gonçalves. “As cadeias globais de suprimentos ainda estão se reorganizando após a pandemia e o mundo enfrenta uma inflação persistente. Medidas protecionistas neste momento podem piorar ainda mais a situação”, acrescentou.
O impacto das tarifas no passado
Durante o primeiro mandato de Trump, a aplicação de tarifas trouxe resultados mistos. Embora algumas indústrias tenham se beneficiado temporariamente, como a siderúrgica, os custos acabaram sendo repassados ao consumidor final, elevando a inflação. Estudos realizados à época indicaram que as tarifas resultaram em um aumento médio de 0,5% no índice de preços ao consumidor, além de prejudicar setores dependentes de insumos importados.
O protecionismo também gerou retaliações comerciais por parte de outros países, afetando exportações americanas, especialmente na agricultura. A China, por exemplo, reduziu drasticamente a importação de produtos agrícolas dos EUA durante o auge da guerra comercial, o que levou o governo americano a subsidiar produtores para mitigar as perdas.
Contexto atual: uma aposta arriscada
A nova política tarifária de Trump chega num momento em que a economia americana enfrenta pressões inflacionárias persistentes e incertezas no cenário internacional. Economistas alertam para o risco de que a tarifa acabe enfraquecendo ainda mais o consumo interno, principal motor da economia dos EUA.
“A renda real das famílias já está pressionada pela inflação”, lembrou Gonçalves. “Ao encarecer produtos que dependem de aço e alumínio, o governo corre o risco de desestimular o consumo, que representa cerca de 80% do PIB americano”.
Além disso, a possibilidade de uma nova rodada de retaliações comerciais por parte de parceiros estratégicos não está descartada. A União Europeia e a China já expressaram preocupação com a decisão de Trump, sinalizando que podem responder com medidas semelhantes.
Uma política de alto risco